O homem nu
Toda a vida escorre do homem nu diante do mundo.
Ó homem nu, que vestido, ainda mostra-se demasiadamente.
Que encara à tapa, o que os outros protegem com máscaras sociais.
Pobre homem nu, inocente, ingênuo, e infeliz homem nu.
Por que prefere andar nu? Não saberia ele responder. Diria talvez, vagamente, que nunca aprendeu a usar a roupa que parece caber perfeitamente nos outros.
Quando está triste, chora.
Feliz, sorri.
Doce é a vulgaridade da alma que nada sabe emular nos sentidos.
Amargo é seu portador, infeliz corpo subjugado.
Ó homem nu, se fosseis mais corpo que alma, não escorreria a sua vida diante do mundo,
e estaria protegido pelo corpo que ordenaria, em vez dela, sua passagem.
A dita cuja, senhora do tempo, que antes dele, decidida por Ele, foi infundida ao invólucro, que sois, para o mundo, ó mundo, esse mesmo mundo que a ignora, o todo, o completo, sendo parte, e por si só inconsistência.