Alma circense
Revendo minha trajetória
De sofrimentos e glórias
Pensando nos detalhes
As palavras servem de entalhe.
Não posso servir a dois deuses,
Pois assim a nenhum sirvo.
Segue-me a serpente às vezes,
Deitando-me na relva com seu silvo.
Logo hoje entendi
Que entre nós sempre te dividi
O que desejava só pra mim
Outras tiveram enfim.
As palavras muitas vezes ferem mais
Que ter o corpo dilacerado,
Pois a razão impregna de ciúme e ódio
O coração que era apaixonado.
A beleza externa como um quadro
Se definha, desalinha, degenera
Mas o sentimento a mim negado
Não me pode ser cobrado.
O melhor de mim ofereci
Sendo pouco ou sendo muito
Tudo foi dado a ti.
Passa dia, passa noite
E só os pesadelos vencem
Incansáveis na penumbra
Na alma dessa circense.