SOBRE PARÁBOLAS E LITERALIDADE
O inglês Edward Powys Mathers trabalhava no Jornal The Observer e era um sujeito apaixonado por enigmas, e talvez sua paixão tenha origem na sua função de compilador de palavras cruzadas. Esse cenário, tem estreita relação com o livro A Mandíbula de Caim, um mistério policial, que ele escreveu no início da década de 40, publicado como uma espécie de charada em 1934, e até hoje apenas três pessoas conseguiram encontrar o arranjo correto das suas páginas, para alcançar o seu sentido completo.
A Bíblia, por sua vez, conforme edição pastoral Paulus de 1990, tem início com Abraão e histórias patriarcais em 1800 a C e até hoje persistem as disputas para a sua interpretação, com as ovelhas confusas diante do fogo cruzado entre os escribas mercenários, da enorme variedade de denominações teológicas.
Na disputa pelas ovelhas, os escribas sofistas, exercitam as suas artimanhas sobre as fábulas e genealogias bíblicas, contrariando as orientações do apóstolo Paulo (1 Timóteo 1:4) (2 Timóteo 4:4) (Tito 1:14 e 3:9), mesmo porque, sem a obtenção da Graça, através do Novo Nascimento, não é possível interpretar corretamente a Bíblia, e mesmo assim, com as limitações determinadas pelos tipos de dons, os quais, aqueles que forem escolhidos receberão pela Graça. (1 Coríntios 12:1 a 11)
Mateus 13:10 a 17 – E, aproximando-se dele, os discípulos lhe perguntaram: Por que falas às multidões por meio de parábolas? Jesus lhes respondeu: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado. Pois ao que tem, lhe será dado, e terá em grande quantidade; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso falo com eles por meio de parábolas, porque vendo não veem, e ouvindo, não ouvem nem entendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo ouvireis, e nunca entendereis; e vendo, vereis, e jamais percebereis. Porque o coração desse povo se tornou insensível, e com os ouvidos ouviram de má vontade, e fecharam os olhos para que não vejam, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure. Mas bem aventurados os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram.
Além de Jesus Cristo, também os profetas e apóstolos usaram esse mesmo método nos seus escritos, construindo fábulas, estabelecendo genealogias e elaborando textos importantes em partes espalhadas pela Bíblia, cujo sentido às vezes se completa mediante a reunião e a conexão entre eles, além de personagens simbólicos ajustados aos insights espirituais, e da proposital camuflagem destinada a confundir os escribas e fariseus, seus cruéis perseguidores, que poderiam até matá-los como fizeram com Estêvão por exemplo, pois a realidade bíblica dispensa a necessidade de intermediários, o que contraria os interesses dos mercadores da fé, que acumulam fortunas à custa das pobres ovelhas, repetindo sempre as fábulas e genealogias que Paulo recomenda evitar. Apenas como exemplo, podemos imaginar alguém examinando Judas 1:6 e Atos 1:18 ao mesmo tempo, e sem a intervenção espiritual, entender a sua conexão!
Além disso, os conhecimentos espirituais obtidos após o Novo Nascimento, permanecem bloqueados com os seus possuidores, cuja repercussão fica na dependência da sua liberação, como se observa em Ezequiel. É claro, que também a escolha de outras pessoas não é nossa, como se observa:
João 15:16 – Não fostes vós que me escolhestes, pelo contrário, eu vos escolhi e vos designei a ir e dar fruto, e fruto que permaneça, a fim de que o Pai vos conceda tudo quanto lhe pedirdes em meu nome.
Aproveitando essas circunstâncias, e da ingenuidade das humildes ovelhas, os escribas se apoderaram das fábulas e genealogias, também da literalidade da Bíblia, mesmo porque não conhecem o seu substancial sentido, e vendem ilusões às ovelhas, através das suas redes de supermercados da fé.
Colossenses 2:8 – Tende cuidado para que ninguém vos tome por presa, por meio da filosofia e de sutilezas vazias, conforme a tradição dos homens, conforme os espíritos elementares do mundo, e não de acordo com Cristo.
As ilusões implementadas pelos escribas, não conseguem alcançar aqueles que nasceram de novo, que ao contrário, mantém distância deles todos, pois há natural incompatibilidade entre eles, onde os escribas são prisioneiros da Primeira Aliança, e a racionalidade se submete às Leis mosaicas, enquanto os nascidos de novo se movem pela Segunda Aliança, nutridos pela Graça, que é manifestada por Cristo através do Espírito Santo.
1 Coríntios 2:12 a 16 – Não temos recebido o espírito do mundo, mas sim, o Espírito que vem de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus. Também falamos dessas coisas, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são absurdas, e não pode entendê-las, porque se compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém.
Essa impossibilidade de ser compreendido, dá origem ao paradoxo, onde a suprema alegria causada pela glória do Novo Nascimento, se choca com a grande tristeza, pela impossibilidade de distribuir o tesouro recebido de graça. Como um consolo, e para não enterrar os talentos, resta a responsabilidade de aplicá-los, colocando-os à disposição dos interessados, dentre os quais poderão ocorrer novos nascimentos no espírito, cujas ocorrências são totalmente independentes da vontade humana.
O Profeta Ezequiel foi um privilegiado, que por várias vezes contemplou a Glória do Senhor Deus, recebendo revelações e instruções diretas, mas teve que aguardar a autorização para expor os conhecimentos.
Ezequiel 3:22 a 27 – A mão de Javé pousou sobre mim, e ele me disse: “Siga para o vale, e aí eu vou lhe transmitir uma mensagem”. Fui para o vale, e aí estava a glória de Javé, da maneira como eu a tinha visto junto às margens do rio Cobar. Então caí com o rosto por terra, mas o espírito entrou em mim e me colocou de pé e começou a conversar comigo. Ele me disse: ”Vá para casa e fique trancado aí, porque vão amarrar você com cordas, criatura humana a fim de que você não possa ir para o meio deles. Farei que sua língua se cole no céu da boca. Então você ficará mudo e não poderá repreendê-los, porque eles são uma casa de rebeldes. Quando eu falar com você e lhe abrir a boca, então você lhes dirá: Assim diz o Senhor Javé. Quem quiser ouvir, ouça; quem não quiser ouvir, não ouça, pois eles são uma casa de rebeldes”.
A Bíblia é constituída por fábulas e genealogias, parábolas ou metáforas, com textos esparsos espalhados pelos seus livros, que contribuem para a devida compreensão de importantes conhecimentos. Porém, essa compreensão, no seu sentido mais profundo, depende do novo nascimento:
João 3:3,5 - Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Em verdade, em verdade vos digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
No “ver” e no “entrar” no reino de Deus, se encontra a compreensão mais profunda da Palavra, e quando ocorre o Novo Nascimento, pela Misericórdia do Pai; pelo Amor e pela Graça do Filho, e pela Unção do Espírito Santo, o agraciado fica sabendo também, sem dúvida alguma, o que lhe ocorreu.
Aos seres humanos compete o interesse e a dedicação na procura dos conhecimentos espirituais, sendo coerente entender que entre estes, as possibilidades de que ocorram as escolhas devem ser bem maiores.