Nossas escolhas
A vida é feita de escolhas. Você já deve conhecer essa afirmação de algum outro lugar. Mas o fato é que, realmente, a vida é feita de escolhas. Porque estamos condenados a escolher o que faremos de nossas vidas. Mesmo quando cruzamos os braços e, dizendo que não vamos escolher, permitimos que escolham por nós, estamos escolhendo: escolhemos a inércia, a abstenção, escolhemos não escolher.
E essa sentença, a de estarmos condenados à escolha, leva-nos a uma angústia difícil de suportar: aquela que se refere à responsabilidade pelas escolhas que fizemos. Porque isso também é um fato. Precisaremos lidar com as consequências de nossas decisões, precisaremos encarar as reações de nossas ações, teremos que conviver com os ecos das opções que fizemos. E isso nos assusta. A alguns até apavora. A responsabilidade pela nossa liberdade de escolha é um fardo que carregaremos enquanto estivermos vivos, existentes, submetidos à única permanência da existência: a eterna necessidade de escolher.
Mas isso pode ser melhor realizado quando temos consciência de nós mesmos e da nossa vida! Quando, silenciando o resto do mundo, conseguimos prestar atenção aos nossos próprios desígnios e anseios. Quando deixamos de nos distrair com as paisagens alheias e passamos a prestar atenção naquilo que diz respeito à nossa própria existência. Quando nos afastamos de opiniões alheias, muitas dadas sem nem que pedíssemos, muitas completamente ignorantes quanto ao que vivemos, e nos aproximamos da verdade que somente nós podemos acessar: aquela que carregamos em nosso interior!
Não é fácil, eu concordo. Não é fácil lidar com o mundo sempre tão barulhento, com pessoas sempre tão palpiteiras, com gente que nos impede de crescer em nossos próprios termos, no nosso próprio ritmo. Mas precisamos. Precisamos nos conscientizar do fato de que a nossa vida é vivida por nós e por mais ninguém. Aliás, apenas nós temos o direito e a condição de olharmos para nós mesmos e entendermos o que é melhor para a nossa realidade. Podemos nos inspirar em alguém, podemos até recorrer ao conselho de alguém, mas apenas nós temos um contato tão íntimo conosco mesmos ao ponto de reconhecermos nossas reais aspirações e inspirações, para decidirmos da melhor forma.
Desobstrua suas próprias rodovias. Esvazie os seus pensamentos. Silencie seus ouvidos. Não permita que o som exaustivo de um mundo agitado o impeça de entrar em contato com a sua própria voz. Escolher pode ser difícil. Mas fica ainda mais complicado e suscetível de equívocos quando escolhemos influenciados por uma multidão de pessoas que não conhecem nem a si mesmas. Quando tiver que escolher, escolha por você. Não pelo mundo. Porque no final das contas, as consequências não serão enfrentadas pelo mundo, ele até sairá de fininho, será você quem terá que arcar com a responsabilidade das decisões tomadas.
(Texto de @Amilton.Jnior)