Reflexão
Eu te entendo.
Eu sei que me ofendo facilmente.
Que por vezes parece que sou surdo de nascença
E que essa indiferença é o que define meu ser
Que sou fraco, incerto
Ansioso e explosivo
Sou como um sonoro zunido no ouvido
Que grita constantemente quando ficamos em silêncio.
Um pequeno monumento
De um minúsculo ditador
Que repete os golpes mesmo quando já venceu
E submeteu todos aos seus pés.
Eu não te julgo.
Te compreendo perfeitamente.
Quando cresci, vi de perto como sou
Como falo, e como penso
Como posso ser a definição da paz
Ou do mau temperamento
Em questão de segundos.
Fui forjado em meia luz
Capaz de ver por olhos bons apenas a metade
Enquanto a outra parte
Se afundava na escuridão.
Sou meio completo.
Ou meio incompleto.
Mas infelizmente
Sou alguma coisa.
Não há coifa que dispense tanta fumaça
E sei também que as vezes não importa o que você faça
Eu sempre contamino o ambiente
E sufoco os coitados que ali estão.
Eu me vejo. Eu me entendo.
E sei que não há nada bom pelas minhas esquinas
Espreitando em busca da próxima vítima
Um qualquer que azarou invadir meu território
Mesmo com tantas placas indicando ódio
E ruas quietas, sem iluminação
Ainda atraio turistas, para minha surpresa;
Para minha destruição.