COMFORTABLY NUMB
Aos seis anos de idade peguei uma forte gripe, e ainda lembro- me muito bem daquela noite em que fui dormir trêmula e febril. Na madrugada, acordei desorientada e, a febre alta trouxe consigo, alucinações. Do lado da cama enxerguei uma máquina grande e esquisita. Levantei os braços, e quando fui para toca-la minhas mãos a atravessaram como um fantasma atravessa paredes. Tentei entender, a máquina imaginária ficara lá parada me observando por não sei quanto tempo. Era uma alucinação, mas parecia tão real quanto se eu tivesse me beslicado e sentisse doer. A temperatura estava tão alta que me senti entorpecida pela febre, e voltei a dormir, sonhando com elementos ainda mais estranhos.
Essa é uma memória que sempre me vêm a mente quando escuto Comfortably Numb. Essa memória é evocada sempre que Roger e David cantam aqueles versos específicos:
When I was a child, I had a fever
My hands just felt like two balloons
When I was a child, I caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye
I turned to look, but it was gone.
E juro que parece que começo a sentir aquela mesma febre, o mesmo sentimento do entorpecimento febril daquela noite.
O poder da música ultrapassa toda e qualquer barreira.