Entenda-os

Quantos de nós sabemos o que falamos?

Quais os territórios que realmente conhecemos?

Nascemos com guias, calendários com dias marcados e anotações?

Somos donos de qual verdade senão a nossa?

Cada um carrega consigo o que acha certo

E nem de perto sou qualificado para julgar

Entendo o meu pedaço, a minha cadência

E disso basto. Já fico farto.

Travando as batalhas que já existem em minhas fronteiras.

Apontamos dedos, elaboramos uma narrativa

Na esperança de que essa que se cria seja a definitiva

Como se dessa vez gritássemos mais alto do que toda a multidão

Que por sua vez, sequer notou que você estava ali a falar.

Não os veja mal, entenda-os também

As madeiras do seu berço quando criança

São as mesmas que montam teu trono de hoje em dia.

Cada material edifica certa estrutura

E dentro desse emaranhado, composto por verdades

Subjetivas, erradas, precipitadas ou corretas

Dentro do que cada berço pôde prover

Para cada criança que cresceu dentro dele,

Existe uma singularidade que se alimenta.

E que cria o mundo que a cerca.

E quem somos nós para apontarmos nossos dedos

E dizer-lhes que elas não são as certas?

Quem faria o mesmo conosco e sairia impune?

Quem escalaria nossa vida e cravaria sua bandeira no cume?

Quem ousaria questionar-nos?

Por quem abaixaríamos a cabeça

E concordaríamos que tudo que conhecemos é errado

Que nossa personalidade se baseou numa mentira

E que seguimos tolos e vendados?

Que existe algo além do que conhecemos

E este não somente existe, como é o único possível

Quem faria algo tão terrível?