Ansiedade

A palpitação é rasteira, intensa e perigosa. Ela chega sem porquês, sem clarezas. É num piscar de olhos que escuto o som baixo virar trovão. É um encontro de desconhecidos que se conhecem. Porque um deles é alvo. E ninguém sabe ser alvo. Como se portar como tal. É um estado de incapacidade e de desespero. Sentir e tentar fugir. Se ao menos visualizasse o plano da fuga. Vislumbro o brilho do dia, a vontade de sonhar e de enxergar a beleza que já ouvi sobre mim. Mas quando a identidade não se veste, o ouvido não escuta. Não ouço. Eu nego. Faço isso sem entender e, sem opção, reajo. Tenho trabalhado no automático. Guiada pela escuridão que minha mente criou, apagando aos poucos a luz que em mim existiu. Que já sorriu. E hoje chora com tamanho desespero que impede qualquer possibilidade de compreensão. Como entender sem enxergar sentido. Como enxergar sentido se o sonho morreu. O caminho dele está em construção. Mas sem tijolo. Sem concreto.

Marina Piva
Enviado por Marina Piva em 24/02/2023
Reeditado em 24/02/2023
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