Sobre o que move o egoísta.

A desconsideração é a motivação dos egoístas. Para o egoísta não existe consideração, desculpa. O egoísta é incapaz de se colocar no lugar do Outro. Não considera o Outro se para isso terá que abrir mão de algo que ele julga mais importante. O egoísta é tão egoísta que inventa as mais mirabolantes desculpas; não considera se desculpar, não. O egoísta nem se importa se sua atitude magoa alguém. O egoísta é chato, é tão egoísta que nunca admite ser egoísta. O egoísta troca, sem pudor, a companhia de alguém por outra sem se importar que já havia marcado algo com aquele que trocou. O egoísta gosta do mundo. Gosta, não porque acha o mundo atraente, mas porque o mundo é ele. Incapaz de assumir seus erros, o egoísta vive no orgulho e na arrogância. Tem dificuldade de aceitar ajuda, porque, egoísta que é, sempre acha ser capaz de superar tudo sem ajuda de ninguém. De certa medida, o egoísta não vive. O sujeito egóico é centrado em si e qualquer possibilidade de abrir mão de algo em função do Outro, para ele, quase sempre, é visto como fraqueza. O sujeito egóico não é capaz, porque isso seria sua fraqueza, o sujeito egóico não é capaz desse esforço. Incapaz que é, até em momentos críticos da vida, o sujeito egóico, em nome de um orgulho doentio, não se digna em abandonar falsas interpretações, e se comporta com soberba e desconsideração. O sujeito egóico não é leal.

Enfim, triste é o egoísta porque perde a grande chance de compartilhar. Perde a possibilidade de se refazer e se aprimorar na condição humana. Muito triste.