Um dia a menos
A cada ano, quando completamos um novo aniversário, reunimos a família, amigos queridos ou apenas algumas poucas pessoas especiais para celebrar a vida, as conquistas, agradecer pelas superações e desejar por novas alegrias. Recebemos presentes, os parabéns, dão tapinhas em nossas costas, abraços apertados, beijos no rosto. Às vezes somos surpreendidos por aquela festa surpresa que nosso filho de cinco anos não se aguentava de ansiedade por ter que guardar o segredo e ficava nos dirigindo aquele sorrisinho travesso que denunciava que algo estava prestes a acontecer. Às vezes ficamos incomodados porque o amor da nossa vida, ao acordar pela manhã, simplesmente seguiu a rotina como se aquele dia não tivesse algo de especial e diferente, passou as horas sem mandar uma mensagem sequer, mas, então, ao final da tarde, quando já estamos possessos e decididos a tirar satisfação pelo descaso, ele nos surpreende com um jantar especial naquele restaurante que tanto amamos... Aniversários... Guardam uma magia só deles...
É neles que comemoramos mais um ano de vida! As pessoas nos dizem isso, não é verdade? “Parabéns por mais ano”. E é assim que passamos a entender nossos aniversários. Como um ano a mais na conta dos tantos já vividos. No entanto, ao que parece que não nos atentamos, a cada aniversário que completamos na verdade estamos concluindo um ano a menos na estrada da vida. Estamos ficamos mais próximos do nosso fim. Calma. Não quero assustar você. Quero apenas nos trazer à consciência o fato de que a vida passa e não nos damos conta disso.
“Quando entendemos que não é ‘um dia a mais’ e sim ‘um dia a menos’, começamos a valorizar o que realmente importa” (Autor Desconhecido)
Essa é uma daquelas frases que possuem o poder de nos fazer ressignificar a maneira como temos vivido os nossos dias. Porque agimos com inconsequência. Parece que não nos preocupamos tanto com os erros ou as falhas porque acreditamos piamente que sempre haverá um dia a mais. E, sim, por um certo período de tempo haverá um novo dia, o sol tornará a nascer, mas jamais saberemos quando será o último dia ou o último nascer do sol. Erramos, acontece. No entanto, não podemos naturalizar nossos erros, nossos equívocos e insistir a passar pela vida de maneira despreocupada ou irracional. Precisamos assumir a nós mesmos que cada dia que passa é um dia a menos que tivemos para viver: para acertar, para viver amores, para sentir alegrias, para ver a vida acontecer não apenas diante de nós, mas, sobretudo, dentro de nós!
Sem dizer que às vezes reclamamos. “Lá vem mais um dia...”. Eu entendo esse desânimo que a nós sobrevém em dados momentos da vida. Passamos por tantas dores, não é verdade? Enfrentamos frustrações, somos decepcionados, às vezes os desafios são impiedosos demais e os obstáculos que se colocaram no nosso caminho parecem robustos ao extremo. Às vezes a vida pode ser dura e nos assustar. Mas se insistimos na postura de encarar cada dia como mais um – como mais dores, mais frustrações ou mais decepções –, estaremos fadados a repetir situações e vivências que alimentam nossa descrença diante da existência. Porém, se adotarmos a postura que compreende que cada dia que passa é um dia a menos que tivemos para viver e fazer disso aqui algo satisfatório, paramos de reclamar, de nos aprisionar às dores, assumimos a responsabilidade pelo caminho que queremos trilhar e, mesmo que doloridos por alguma pancada, rumamos aos refrigérios da vida.
Não é um convite para que se anestesie de suas dores. Pelo contrário. É um convite para que você entenda que não pode esperar para que a cura aconteça espontaneamente. Nosso tempo é limitado. E por vezes teremos que curar a nós mesmos para seguir em frente.
(Texto de @Amilton.Jnior)