Observadora
Criava vontades.
As criou
desde a mais tenra infância.
Silente, muito pequenina, elegia os cantos.
Deles, observava atentamente as pessoas, as ouvia,
Procurava registrar os teores delas, a prevalência de:
bondades,
simpatia,
humildade,
acolhimentos,
e os contrários.
Observação, catalogação faz o homem desde os primórdios de seu aparecimento no planeta Terra:
distinguiam plantas venenosas de plantas comestíveis, idem, dentre os animais, aprendendo a reconhecer os peçonhentos, também, perigos de situações favoráveis, e assim foram aprendendo a sobreviver.
No ambiente social, foi assim que a menina agiu,
e assim constituiu suas pessoas preferidas, seus familiares mais confiáveis e colegas da escola mais simpáticas e de bom coração.
Introspectiva, num meio onde predominava a extroversão, essa era também uma forma de “estar junto” com pessoas.
Se toda essa gente pudesse imaginar que estava sob análise daquela pessoinha tão desimportante!
O que fariam caso soubessem que de alguma forma ela detinha informações significativas sobre cada um(a)?
E, o que fariam se notassem que essa criança jamais levou em conta coisas como aparência, posses, bens materiais, cargos ocupados, e nem mesmo títulos e diplomas?
Talvez ficassem chateados, se sentissem vazios, pouco valorizados naquilo que lhes tomou a energia de uma vida.
Talvez ficassem até bravos e concluíssem que aquela nanica, tampinha, precisava de tratamento, nem alegre como as outras crianças era!
Enquanto isso, a garota cresceu procurando se acercar de quem acolhia, ouvindo em privilégio os que demonstravam coerência e firmeza, e por um período no crescimento dela, isso foi suficiente, isso deu-lhe alguma segurança e tranquilidade.