SABER OUVIR - O EXERCÍCIO DO APRENDIZADO
Porque falar demais se posso falar e escutar, aprender e me aproximar mais do outro?
Por que gritar, ter aspereza no falar, silenciar - que ações são essas que me barram de ir ao encontro do outro e permitir essa conexão?
Cansei de ouvir palavras rudes, gritos que me ferem, facas e flechas que saem da boca e machucam o meu interior. Escolhi me fechar, me preservar.
Aos poucos percebo que essas dores antigas, ainda não cicatrizadas, ainda permanecem ali mesmo que eu insista em curá-las e acalente-las.
Insisto dia após dia nesses cuidados amorosos, nesse aprendizado de usar as palavras certas e ver com os olhos do coração o que o outro quer me dizer e que eu ainda não compreendo.
Escolho abaixar as armas, escolho quebrar os muros, derreter o gelo, esquentar a boca e preencher o coração.
Prefiro tirar o espinho que fere e balsamizar meu ouvido ferido , minha garganta que sufoca com a medicina da compreensão, da tolerância, da empatia - é um exercício ainda desafiador, mas que me atrevo a continuar.
Vou deixando ir os sapos engolidos, vou deixando sair ás águas turvas, escuras, fétidas que preenchiam meu interior e me adoeciam.
Quero a cada dia a simplicidade, a verdade, amorosidade em minhas palavras mesmo que para isso ainda tenha um longo trabalho a fazer.
Quero saber ouvir com zelo o que o outro quer me comunicar e que eu ainda não entendo.
Numa época de comunicação rápida, muitas conversas saem truncadas e inúmeros mal entendidos se formam. Eu prefiro comunicar o meu sentir falando, olhando nos olhos, sentindo o outro, visitando e revistando um local que quero aprender como devo caminhar.
Minhas palavras ainda saem atropeladas, erradas ainda estão se adaptando a esse novo processo. Ainda bem que sou presenteada por pessoas que já trilharam esse caminho e me ensinam a por luz para que eu não tropece tanto.
Tenho fé, tenho esperança de que vou conseguir.