Desabafo. XI

Desabafo. XI

Aqui, sentado nessa cama esfarrapada, fedorenta e imunda, penso:

- Em que momento me matei, quais dos meus atos te sangraram, ou, se sou tão réu como a acusação tenta provar, sendo assim, até nas minhas melhores ações, a vilania da alma era explicita...

É...

Quando eu era criança, fui doutrinado a servir a cada irmão, a cada amigo, a cada um dos mais velhos presentes. Cada um soube com perfeição usufluir da minha ignorância/bondade, suas intenções boas, fizeram-me o que hoje sou, e dizem:

- Cresça, ande com suas próprias pernas, seja um adulto...

Cresci...

Ao crescer, continuei à fazer o mesmo de antes, esquecendo de andar com minhas próprias pernas, talvez até ser adulto como tal, e, aqueles a quem me doei, esqueceram de me ajudar nesta parte da vida, porque, ser servido, era o que importava...

Todos os talentos que tenho, só foram top nas paradas de sucessos se estivessem em serventia a alguém, então eu ouvia:

- Você é bom no que faz, suas escritas são ótimas, vamos chamar Dinho para viajar conosco, assim, temos um motorista...

De Consuelo até Ana foi assim, porém, a maior pessoa que poderia me ajudar abdicou-se ou lançava a responsabilidade a outros, tiraram-me de casa sem se importarem e com desculpas sobre tudo, agora aqui estou eu, sendo mais uma vez despejado, sem ter para onde ir, e, vocês dirão:

- Você esta trabalhando...

Sim...

Estou de fato,!..

Mas, os aluguéis estão altos, depois de descontado meu salário, fica apenas R$ 800,00 na minha mão, tenho meus cartões para pagar cujo muitos dos valores foi para agradar aquela que hoje me expulsa, como poderei pagar, teria que desistir de tê-los, dificultando ainda mais, e, mais uma vez, ouvirei:

- Mais teria um lugar para ficar...

Com certeza...

Mas, seria apenas isso até perder meu emprego, pois, quem trabalha em mercado não esta seguro ou semi, além do mais, não teria como comprar nada, pois, teria perdido os cartões. Até meu computador, que, com ele eu ganharia algo, já que trabalho fazendo artes gráficas com ele, poderia ficar aqui pontuando cada pós e contra deste cenário, mas...

- Das poucas pessoas que conheci, tornaram-se desconhecidas.

Então o que me resta?

Penso em tirar a minha vida, estou com uma gilete nas mãos bem tentadora, mas, penso nas minhas coisas, as mesmas que tanto lutei dando valor a cada centavo adquirido, embora eu tivesse perdido boa parte quando vim morar aqui. Vou me despedir agora, e, tomar uma decisão final...

Texto: Desabafo.

Autor: Osvaldo Rocha

Data: 12/03/2023 às 13:06

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 12/02/2023
Código do texto: T7717648
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.