Nikolas Ferreira: não podemos tolerar o bullying

Uma atitude que recentemente chamou a atenção de quem acompanha a Internet foi a do deputado federal Nikolas Ferreira que, ao comentar a foto de uma moça chamada Thaís Carla, na qual ela se fantasiava de Globeleza, disse que tinham tirado a beleza e só tinha sobrado o Globo. Como era de se esperar, a moça não gostou da atitude grosseira muitas foram as pessoas que criticaram o deputado por sua gordofobia. Nikolas então fez um pedido de desculpas debochado dizendo que atualmente não se tem liberdade de expressão e uma pessoa não pode nem mesmo dizer que uma pessoa gorda é gorda, ou seja, que não se pode fazer a verdade. Pelo visto, o ilustre deputado - que parece ter tempo de sobra para ficar navegando nas redes sociais – tem o mesmo tipo de pensamento das pessoas que adoram dizer que hoje em dia tudo é mimimi e confunde dize a verdade com ofender ou agredir gratuitamente. Não faltou que o defendesse, dizendo que a moça realmente é gorda e que obesidade é uma doença e não deve ser glamourizada. Certo, obesidade é uma doença e deve ser tratada e não se pode fazer apologia da gordura, que é prejudicial à saúde. Entretanto, precisamos considerar algumas coisas. Dizer a verdade não é sinônimo de ofender e ofender alguém gratuitamente é bullying e falta de educação e empatia.

Sabe-se que a moça resolveu processar o deputado e ela está mais do que certa. O bullying, seja no ambiente escolar, familiar, virtual ou de trabalho, não deve ser tolerado. Não podemos ser tolerantes com aquilo que é errado, pois é errado ofender ou agredir alguém por causa de fatores como peso, gênero, religião ou tantas outras coisas que os que fazem bullying usam como justificativa para perseguir, humilhar e agredir. O senhor deputado deveria ter em mente que, seja uma pessoa gorda ou magra, isso é assunto só dela e que ridicularizar uma pessoa por causa do seu peso não passa de uma atitude grosseira e vulgar. É uma pena que muitos se achem no direito de ofender os outros por coisas que só dizem respeito a eles. Ao dizer que só disse a verdade, Nikolas recorreu a uma falácia. Não é porque uma pessoa é negra, gorda, baixa, alta ou magra demais que isso nos dá o direito de ofendê-la. Ele deve ter a mesma mentalidade de muitas pessoas que fazem piadas racistas, sexistas ou homofóbicas e que, quando confrontadas, se fingem de ofendidas, como se tentar denegrir uma pessoa não fosse nada de mais. Imaginemos uma pessoa negra ouvindo alguém xingá-la ou dizendo piadas racistas contra ela. Parece razoável tentar se justificar com desculpas dizendo: “E eu vou dizer que você é branco?” Isso não passa de uma desculpa sem fundamento. Está certo que não vamos dizer a uma pessoa gorda que ela é magra ou que uma pessoa negra é branca. Porém, não podemos querer diminuir alguém usando a falácia de que estamos apenas falando a verdade e que existe a liberdade de expressão.

Ter liberdade de expressão não quer dizer ter liberdade de ser grosseiro, mas com certeza Nikolas tem uma mentalidade similar à do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que uma vez disse a uma parlamentar que não iria estupra-la porque ela não merecia ser estuprada, insinuando que ela não merecia ser estuprada por ser feia. E vale salientar que Nikolas pertence ao Partido Liberal, o mesmo partido de Bolsonaro e é um bolsonarista assumido. Então, tomemos cuidado com ele e com tantos outros que pensam igual a ele. Gente com uma mentalidade tão torta é perigosa porque pode influenciar outras pessoas. No passado, muitos não levaram Bolsonaro a sério, dizendo que ele era apenas uma figura ridícula com ideias obsoletas. Mas o que aconteceu? Bolsonaro ganhou adeptos, tornou-se presidente, mostrou-se um péssimo gestor e agora, ainda que não tenha ganho a mais recente eleição, não são poucos os que continuam a apoiá-lo incondicionalmente, defendendo que o resultado das eleições foi uma fraude. Assim sendo, tratemos de podar pessoas como esse Nikolas Ferreira que, como deputado, deveria estar tratando de coisas mais importantes do que reparar no peso dos outros. Afinal, um deputado tem muito o que fazer, não é mesmo?