Silêncio

Quando de minha boca querem saltar palavras, como flechas envenenadas para revidar ao outro, eu ainda estou aprendendo a silenciar.

A natureza divina é sábia e nos deu dois ouvidos e uma boca para escutarmos mais que falarmos, mas .. em algumas situações me parece que temos duas bocas. Bocas ressentidas que murmuram sem parar; bocas tristes que ficam reverberando fatos que já lhe aconteceram, mas não curados ainda trazem as feridas doloridas e abertas. Bocas tagarelas que despejam, sem parar, um conteúdo inútil trazendo ainda mais caos e poluíndo o seu em torno. Mas, porque falo se o silêncio pode me trazer maior aprendizado? Porque ainda insisto e resisto em não aprender e crescer com fatos que se repetem e me alertam o tempo todo, como um letreiro neon piscante, que diz : - basta disso tudo.

Descobri também uma boca adicional, que me impede de silenciar, a boca do diálogo interno, instalada bem na cabeça. Essa então, meu Deus fala sem parar, questionando tudo, te limita, te retrai, te dá ordens de ficar ou seguir. Ela, literalmente, te mantém cativo ao que lhe é confortável e não lhe imponha riscos.

Aprendo a cada instante que mais vale encher a boca de água, se retirar e deixar a tempestade passar do que confrontar a tormenta de peito aberto.

O Silêncio nos impõe nos olharmos e nem sempre o que vemos é belo e harmonioso. Nosso lado escuro, nossas sujidades, ficam a mostra e, na maioria das vezes, por incomodar, viramos as costas ou jogamos para debaixo do tapete para não lidar com aquilo. Incomoda muito, vai arder, vai ferir sim mexer e olhar mas também vai ser curativo e provocar um " up" em você como ser humano.

Outra lição do silêncio e o reabastecimento. Ele nos leva para um espaço que é seu com você mesmo e aí, as máscaras que colocamos saltam de nossa face, nos desnudamos e nos vemos tal como somos - criaturas divinas vivendo uma experiência terrena.

E nesse momento, nesse intervalo abençoado nos damos conta de que ali estão as respostas, os caminhos, as soluções para coisas, que até então, eram muito pesadas e impossíveis de serem solucionadas.

Dricaa Barsanetti
Enviado por Dricaa Barsanetti em 03/02/2023
Código do texto: T7710289
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