Sou oprimido!
Eu sou a mão de obra que construiu a igrejinha e você não sabe quem sou eu,
Eu sou o Caboclo das Matas que viu a chegada dos Bandeirantes e a história apagou.
Eu sou o suor do negro que trabalha
Desgastado em meio às plantações.
Eu sou um palestino em Israel
Sou judeu nos campos de concentração.
Eu sou a mulher negra em poesia
Sou a cota e sou o candomblé (e sou filho de Nzazi)
Eu sou o canto entoado no Terreiro
Que apavora a tua fé.
Eu sou Lampião, sou Zumbi negro fujão
Sou Zumbi negro fujão
Que luta pela liberdade
Na senzala do meu coração
Eu sou Lampião, sou Zumbi negro fujão
Sou Dandara e sou Luiza Mahin
Que luta pela liberdade
Na senzala do meu coração
Eu sou Dona Maria, sou Joana,
sou Malê e sou favela
Eu sou a flor que nasce no deserto
A tinta que borrou a tela.
Eu sou a revolta que quebra o sistema
Eu sou onda e sou maré
Eu sou o bóia-fria explorado
Nas fazendas de café.