CAMINHANDO PELA PRAÇA NESTE INSTANTE

 

    “A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”

                                (Charles Chaplin)

 

Não sei se estou acordado...

Ou se estou sonhando...

Não sei se o que vivo é "real"...

 

 

Todas as manhãs são místicas

E nenhuma se repete

Oh! Interpretar o tempo é querer dissecá-lo

É ir n’uma área que não pode ser descrita com palavras

Nenhum enunciado ou afirmação filosófica o preenche

Nada do que dele se diz o representa... no que ele é “realmente”

 

 

Atravessamos [todos] os mesmos cenários todos os dias

Mesmo que eles nunca sejam... os mesmos

Que interesante contradição!

Somos atores d’um mesmo palco... (que se chama vida)

E não há quem esteja somente na plateia a assistir o drama

... ou a comédia d’outro

E ninguém está do lado de fora do anfiteatro

 

 

E no místico teatro do mundo todos [n'ele] passam

Oh! Quantos personagens eu vivi!

E com quantos também convivi!

Fui por alguns aplaudido... e também vaiado

Pelo público (que na verdade não havia)

E por ele fui... amado

Como também fui por ele... várias vezes odiado

(Não sei se o ator [a que era], não sei se o personagem)

 

 

Que fiz na vida?

Ou a pergunta mais certa seria: o qu'eu fiz da vida?

Quis ser “lógico” em meus conceitos

Desejei ser “ético” em minhas ações

E o que eu ganhei com isto?

Sei lá! Talvez não muita coisa (ou quase nada)

Perdi o meu tempo, então?

Talvez sim, talvez não

Quem sabe?!

 

 

Neste tempo incoerente e em tal grau indecente

Cujas “convicções” de cad’um são suas sagradas verdades

(Embora quase todas não passam de tolices ou mesmo... mentiras!)

Ah! E não são?

 

 

Nesta vida eu vi de tudo

Nesta vida eu fiz de tudo

(A se saber: nesta "mesma e única" vida)

Nasci e morri não sei quantas vezes

E por muitas vezes fui um verdadeiro natimorto

(No qu'eu vivi só para os outros)

 

 

Amei a quem estava ao meu alcance

Fui estoico para quem sofria quando de mim longe s’encontrava

(Longe de meu corpo mas perto de minh'alma)

E, assim, teve a minha empatia

No que, pois, o amei

 

 

Lamuriei para os outros minhas dores... (que a eles não se interessavam)

Fui ridículo no que me portei, então?

E acaso acreditarei que não fui?

Oh! E quem [aqui] nunca o foi?

 

 

Todos já passamos pela experiência de cárcere por credos limitantes

E muitos parecem que irão para suas covas co’eles

É verdade!

Interessante o considerável número de velhos a que se vê atualmente

A se portarem como adolescentes no que acreditam em certos engodos

A endeusarem falsos ídolos, no que os transformam em “heróis” e "mitos"

(Ou mesmo em salvadores da pátria e do mundo!)

A pedirem a volta de antigos opressores regimes políticos

(Os mesmos qu'em sua juventude contra eles lutavam)

Simplesmente não dá p’ra entender

 

 

E assim, concluo que "avançada idade" não é sinônimo de “maturidade”

Nunca foi

Ou será que ficaram caducos?!

Da verdade que é triste ver tantos velhos acreditando em “papais-noéis”

... e com medo de mil “bichos-papões”!

(Coisas que colocaram em suas cabeças)

Ah! Deixa p’ra lá!

Acho melhor seguir o meu caminho...

 

 

Quem olha para uma flor a que não reagiria a não ser s’estiver morto?

Quem nos roubou nossa natural e sagrada faculdade de criar?

Mas sejamos francos:

Hoje ninguém observa nada, exceto as crianças e os “loucos do mundo”

Estes que estão (ou são) “essencialmente” vivos

 

 

Oh! como são vazias as mentes das pessoas!

Como são superficiais (para não dizer “inúteis”)!

No que aceitam viver na artificialidade de tudo...

E tentam escapar do sofrimento e miséria com mil entretenimentos

Mas, por que adoramos tantas bobagens?

 

 

O “desespero humano”

Como dele fugir?

Para os que podem, pagam um psicanalista (ou qualquer outro "especialista")

Os mais pobres buscam abrigo nos templos e igrejas

E cada qual a buscar pelo charlatão e picareta que lhe melhor agrade

 

 

Queremos atingir... um “fim”

Ou desejamos, verdade seja dita, que nossas aflições tenham um fim

Sem tentar, ao menos, compreendê-las

E, por ignorantes a que somos, vamos a cada dia trocando de cárcere

Ninguém consegue transcender-se!

Ou, a imensa maioria, nem quer!

 

 

Todo mundo tem medo de si mesmo

E todo mundo busca fugir... de si mesmo

Ninguém quer s'encontrar

Sim, ninguém que s'encontrar... co’ele próprio

Eis o maior de todos os medos

Definitivamente o autoconhecimento é a maior de todas as riquezas

 

 

E quanto ao amor, o que dele direi?

O amor em si existe ou seria mais uma “ilusão da mente”?

Um amor “desinteressado” e puro, será que de fato existe?

E quem nos salvará de noss’angústia?

 

 

O caminho é repleto de contornos e de uma incrível vegetação

E em cada curva um desejo de saber o que adiante s’encontra

Poucas retas (ou quase nenhuma)

Melhor assim...

E se o arvoredo me impede de ver d’outro lado, contemplo-os então

E deste modo prossigo...

 

 

Não sei se estou acordado...

Ou se estou sonhando...

Não sei se o que vivo é "real"...

 

 

26/01/2023

 

IMAGENS: FOTOS PARTICULARES (TIRADAS DE CELULAR)

 

MÚSICA: “LOVE” – John Lennon

https://www.youtube.com/watch?v=MUTz3LQEq1Q

 

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SOMENTE O TEXTO:

 

CAMINHANDO PELA PRAÇA NESTE INSTANTE

 

    “A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”

                                (Charles Chaplin)

 

Não sei se estou acordado...

Ou se estou sonhando...

Não sei se o que vivo é "real"...

 

Todas as manhãs são místicas

E nenhuma se repete

Oh! Interpretar o tempo é querer dissecá-lo

É ir n’uma área que não pode ser descrita com palavras

Nenhum enunciado ou afirmação filosófica o preenche

Nada do que dele se diz o representa... no que ele é “realmente”

 

Atravessamos [todos] os mesmos cenários todos os dias

Mesmo que eles nunca sejam... os mesmos

Que interesante contradição!

Somos atores d’um mesmo palco... (que se chama vida)

E não há quem esteja somente na plateia a assistir o drama

... ou a comédia d’outro

E ninguém está do lado de fora do anfiteatro

 

E no místico teatro do mundo todos [n'ele] passam

Oh! Quantos personagens eu vivi!

E com quantos também convivi!

Fui por alguns aplaudido... e também vaiado

Pelo público (que na verdade não havia)

E por ele fui... amado

Como também fui por ele... várias vezes odiado

(Não sei se o ator [a que era], não sei se o personagem)

 

Que fiz na vida?

Ou a pergunta mais certa seria: o qu'eu fiz da vida?

Quis ser “lógico” em meus conceitos

Desejei ser “ético” em minhas ações

E o que eu ganhei com isto?

Sei lá! Talvez não muita coisa (ou quase nada)

Perdi o meu tempo, então?

Talvez sim, talvez não

Quem sabe?!

 

Neste tempo incoerente e em tal grau indecente

Cujas “convicções” de cad’um são suas sagradas verdades

(Embora quase todas não passam de tolices ou mesmo... mentiras!)

Ah! E não são?

 

Nesta vida eu vi de tudo

Nesta vida eu fiz de tudo

(A se saber: nesta "mesma e única" vida)

Nasci e morri não sei quantas vezes

E por muitas vezes fui um verdadeiro natimorto

(No qu'eu vivi só para os outros)

 

Amei a quem estava ao meu alcance

Fui estoico para quem sofria quando de mim longe s’encontrava

(Longe de meu corpo mas perto de minh'alma)

E, assim, teve a minha empatia

No que, pois, o amei

 

Lamuriei para os outros minhas dores... (que a eles não se interessavam)

Fui ridículo no que me portei, então?

E acaso acreditarei que não fui?

Oh! E quem [aqui] nunca o foi?

 

Todos já passamos pela experiência de cárcere por credos limitantes

E muitos parecem que irão para suas covas co’eles

É verdade!

Interessante o considerável número de velhos a que se vê atualmente

A se portarem como adolescentes no que acreditam em certos engodos

A endeusarem falsos ídolos, no que os transformam em “heróis” e "mitos"

(Ou mesmo em salvadores da pátria e do mundo!)

A pedirem a volta de antigos opressores regimes políticos

(Os mesmos qu'em sua juventude contra eles lutavam)

Simplesmente não dá p’ra entender

 

E assim, concluo que "avançada idade" não é sinônimo de “maturidade”

Nunca foi

Ou será que ficaram caducos?!

Da verdade que é triste ver tantos velhos acreditando em “papais-noéis”

... e com medo de mil “bichos-papões”!

(Coisas que colocaram em suas cabeças)

Ah! Deixa p’ra lá!

Acho melhor seguir o meu caminho...

 

Quem olha para uma flor a que não reagiria a não ser s’estiver morto?

Quem nos roubou nossa natural e sagrada faculdade de criar?

Mas sejamos francos:

Hoje ninguém observa nada, exceto as crianças e os “loucos do mundo”

Estes que estão (ou são) “essencialmente” vivos

 

Oh! como são vazias as mentes das pessoas!

Como são superficiais (para não dizer “inúteis”)!

No que aceitam viver na artificialidade de tudo...

E tentam escapar do sofrimento e miséria com mil entretenimentos

Mas, por que adoramos tantas bobagens?

 

O “desespero humano”

Como dele fugir?

Para os que podem, pagam um psicanalista (ou qualquer outro "especialista")

Os mais pobres buscam abrigo nos templos e igrejas

E cada qual a buscar pelo charlatão e picareta que lhe melhor agrade

 

Queremos atingir... um “fim”

Ou desejamos, verdade seja dita, que nossas aflições tenham um fim

Sem tentar, ao menos, compreendê-las

E, por ignorantes a que somos, vamos a cada dia trocando de cárcere

Ninguém consegue transcender-se!

Ou, a imensa maioria, nem quer!

 

Todo mundo tem medo de si mesmo

E todo mundo busca fugir... de si mesmo

Ninguém quer s'encontrar

Sim, ninguém quer s'encontrar... co’ele próprio

Eis o maior de todos os medos

Definitivamente o autoconhecimento é a maior de todas as riquezas

 

E quanto ao amor, o que dele direi?

O amor em si existe ou seria mais uma “ilusão da mente”?

Um amor “desinteressado” e puro, será que de fato existe?

E quem nos salvará de noss’angústia?

 

O caminho é repleto de contornos e de uma incrível vegetação

E em cada curva um desejo de saber o que adiante s’encontra

Poucas retas (ou quase nenhuma)

Melhor assim...

E se o arvoredo me impede de ver d’outro lado, contemplo-os então

E deste modo prossigo...

 

Não sei se estou acordado...

Ou se estou sonhando...

Não sei se o que vivo é "real"...

 

26/01/2023

 

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 26/01/2023
Reeditado em 30/01/2023
Código do texto: T7704410
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