Chame-a pelo nome
Eu sempre tive medo da morte. E ainda morro (olha esse termo icônico!) de medo.
Li uma frase de Rubem Alves, querido Rubinho, que falava que a melhor forma de exorcizar o demônio da morte era chamá-lo pelo nome.
Eu topei o desafio. Por que eu tenho medo de morrer, afinal? Foi meu primeiro questionamento honesto. Enumerei alguns motivos e depois fui afunilando até chegar ao cerne: não desejo ser ausência... não desejo ser esquecida... não desejo ser um peso!
Há doze anos morrer significava deixar meus pais órfãos de mim, mas agora eles já se foram! Morrer agora significa deixar uma criança pequena sem mãe... Isso me deixa comovida com minha própria morte, olha que estranho!
Falar da morte não aproxima nem afasta o momento da morte, eu acho! Pelo menos, espero que não faça diferença.
Mas depois de escrever sobre ela quero deixar claro que almejo atravessar o século XXI e, se possível adentrar o século XXII com minha atual roupagem. Quero ser velhinha, bem enrugada e com os cabelos alvos e esfarofados... Quero jogar palavras ao vento e soar como pérolas de sabedoria aos ouvidos dos mais jovens.
Pensar na morte me faz sonhar sobre minha própria vida e, assim, tenho a impressão de que, mesmo falando sobre morte, a vida torna-se mais plena e eu vivo melhor.