UM BREVE SOLILÓQUIO ENQUANTO CAMINHAVA PELA PRAIA
“A distinção entre passado, presente e futuro
é apenas uma ilusão teimosamente persistente”
E se pudéssemos “ver” o futuro, como seria... o presente?
Adormecidos no tempo estamos ao que deixamos passar batidas... as horas
E vivemos entre expectativas e memórias
E mais nada
Dos mentais tempos que não existem
O aroma da maresia é menos significativo que um perfume francês
E a dissonância das atuais músicas nos atentamos mais que o barulho
... das ondas do mar
Perdemos tempo, então
Da vida a que a preferimos “artificialmente”
Que pena!
Ah! E se eu pudesse com antecedência ver o meu tempo...
Sim, e se eu conseguisse alcançar o futuro...
E ver [agora] o dia de amanhã ou mesmo a hora seguinte...
E então, seria bom ou seria ruim?
Só de pensar eu começo a m’estremecer
Ai, meu Deus!
Por que não amamos o presente?
Por que achamos que o melhor estará sempre por vir?
E o que é... o tempo?
E o futuro...
Vem naturalmente a nós ou, na verdade, o trazemos pelo que o criamos?
Uma estação segue outra (matematicamente)
O outono segue o verão
Não pode “driblá-lo”
Assim como a sístole e a diástole uma segue a outra
É o tempo em seu compasso e percurso
Em que tudo depende um d’outro
É o tempo em su’alternância (precisa e vital)
E nest’hora eu pergunto:
Haverá algum dia em que os movimentos da vida serão independentes?
E convencidos não estamos muitas vezes em achar que somos livres?
E quanto à ideia do “fatalismo”, sê-la-ia válida?
O mundo está do jeito qu’está por que Deus quis assim
... ou será que nossa “liberdade” o “causou”?
Definitivamente eu não acredito em “fatalismo”
Na verdade, eu não ponho minha mão no fogo por teoria nenhuma
Quando se conhece certas causas, sabe-se, pois os devidos efeitos
Sobretudo, quando temos o poder de [n’elas] interferir
Ou seria isto o mortal pecado de querer fazer uma vontade
... contrária à da Vida?
O tempo!
De que é feito o tempo senão dele mesmo – o próprio tempo?
Admirável é tudo o que vemos
(Se não tivermos uma visão “discriminatória”, é claro)
Sabemos muita coisa a respeito do “espaço”
Todavia, o tempo é sempre misterioso
Ou, podemos melhor dizê-lo ser o maior dos enigmas
E quanto aos nossos desejos, o que muitos são senão inevitáveis
... profecias a qu’esperam o tempo [certo] de sua realização?
Sim, tal como as vivas sementes lançadas em solo fértil
Oh! quanto tempo ainda tenho, meu Deus?
E será que teria [eu] um “destino” pela vida traçado?
Se deste modo for, de nada adianta minhas preocupações
Na verdade, de nada serve tal bobagem para qualquer um de nós
Então, por que Deus deu a cad’um a potência da vontade?
Já não basta a da memória a nos lembrar de nossa inevitável morte!?
E então...
Seria melhor se soubéssemos com antecedência o momento seguinte
... ou seria pior?
Mas, se eu visse com anterioridade o pensamento de dez minutos,
... ou eu avancei no tempo ou o tempo “deu marcha à ré” ... para mim
Mas eis que agora o tempo quer me fazer um acordo:
“Eu te deixo ver o teu futuro, todo ele, mas com uma condição:
Caso interferir a ponto de mudá-lo.... eu o mato
Aceita a proposta?”
24/01/2023
IMAGENS: FOTOS PARICULARES (TIRADAS DE CELULAR)
MÚSICA: Tara Mantra Om Tare Tuttare Ani Choying Dolma 108 repetitions
https://www.youtube.com/watch?v=MIg_WY8KuCE
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SOMENTE O TEXTO:
UM BREVE SOLILÓQUIO ENQUANTO CAMINHAVA PELA PRAIA
“A distinção entre passado, presente e futuro
é apenas uma ilusão teimosamente persistente”
E se pudéssemos “ver” o futuro, como seria... o presente?
Adormecidos no tempo estamos ao que deixamos passar batidas... as horas
E vivemos entre expectativas e memórias
E mais nada
Dos mentais tempos que não existem
O aroma da maresia é menos significativo que um perfume francês
E a dissonância das atuais músicas nos atentamos mais que o barulho
... das ondas do mar
Perdemos tempo, então
Da vida a que a preferimos “artificialmente”
Que pena!
Ah! E se eu pudesse com antecedência ver o meu tempo...
Sim, e se eu conseguisse alcançar o futuro...
E ver [agora] o dia de amanhã ou mesmo a hora seguinte...
E então, seria bom ou seria ruim?
Só de pensar eu começo a m’estremecer
Ai, meu Deus!
Por que não amamos o presente?
Por que achamos que o melhor estará sempre por vir?
E o que é... o tempo?
E o futuro...
Vem naturalmente a nós ou, na verdade, o trazemos pelo que o criamos?
Uma estação segue outra (matematicamente)
O outono segue o verão
Não pode “driblá-lo”
Assim como a sístole e a diástole uma segue a outra
É o tempo em seu compasso e percurso
Em que tudo depende um d’outro
É o tempo em su’alternância (precisa e vital)
E nest’hora eu pergunto:
Haverá algum dia em que os movimentos da vida serão independentes?
E convencidos não estamos muitas vezes em achar que somos livres?
E quanto à ideia do “fatalismo”, sê-la-ia válida?
O mundo está do jeito qu’está por que Deus quis assim
... ou será que nossa “liberdade” o “causou”?
Definitivamente eu não acredito em “fatalismo”
Na verdade, eu não ponho minha mão no fogo por teoria nenhuma
Quando se conhece certas causas, sabe-se, pois os devidos efeitos
Sobretudo, quando temos o poder de [n’elas] interferir
Ou seria isto o mortal pecado de querer fazer uma vontade contrária
... à da Vida?
O tempo!
De que é feito o tempo senão dele mesmo – o próprio tempo?
Admirável é tudo o que vemos
(Se não tivermos uma visão “discriminatória”, é claro)
Sabemos muita coisa a respeito do “espaço”
Todavia, o tempo é sempre misterioso
Ou, podemos melhor dizê-lo ser o maior dos enigmas
E quanto aos nossos desejos, o que muitos são senão inevitáveis
... profecias a qu’esperam o tempo [certo] de sua realização?
Sim, tal como as vivas sementes lançadas em solo fértil
Oh! quanto tempo ainda tenho, meu Deus?
E será que teria [eu] um “destino” pela vida traçado?
Se deste modo for, de nada adianta minhas preocupações
Na verdade, de nada serve tal bobagem para qualquer um de nós
Então, por que Deus deu a cad’um a potência da vontade?
Já não basta a da memória a nos lembrar de nossa inevitável morte!?
E então...
Seria melhor se soubéssemos com antecedência o momento seguinte
... ou seria pior?
Mas, se eu visse com anterioridade o pensamento de dez minutos,
... ou eu avancei no tempo ou o tempo “deu marcha à ré” ... para mim
Mas eis que agora o tempo quer me fazer um acordo:
“Eu te deixo ver o teu futuro, todo ele, mas com uma condição:
Caso interferir a ponto de mudá-lo.... eu o mato
Aceita a proposta?”
24/01/2023