Aquilo que podem oferecer

Medimos as pessoas a partir de nosso lugar. É o que fazemos. Mensuramos seu desempenho, seu empenho, sua vontade na vida a partir da nossa régua, daquilo que nós conhecemos, daquilo que nós temos como meta ou possibilidade. Cobramos das pessoas coisas que apenas nós poderíamos fazer da forma como as cobramos. Isso porque nos achamos superiores. Achamos que somos mais. Maiores. E que, portanto, merecemos toda a sua atenção, toda a sua dedicação, toda a sua veneração. Esperamos das pessoas o que elas não podem oferecer. Porque esperamos das pessoas coisas que nem nós conseguiríamos fazer.

“Se nos julgamos melhores que os outros, por que esperamos deles melhores atitudes que as nossas?” (Chico Xavier)

Esse pensamento não é verdadeiro? Parece que sempre nos colocamos em uma posição de superioridade. “Não, porque eu faria assim e melhor”. “Não, porque se fosse comigo teria sido diferente”. “Não, porque sem mim isso aqui não funciona”. Somos ingênuos por acreditar que somos tão especiais quanto pensamos. Cada um tem seu valor. Sua importância. E sua própria contribuição a fazer ao mundo. Mas não somos maiores que os outros. Não somos tão insubstituíveis quanto acreditamos. Não somos tão especiais assim.

E caímos em contradição. Se somos tão bons, se nos achamos tão superiores, como podemos esperar das pessoas ações que nos superem? Não somos “os insuperáveis”? Não somos “os exemplares”? Não estamos sempre tão acima? Como podemos exigir tanto de quem pensamos que tem tão pouco a nos oferecer?

Podemos ganhar muito mais na vida tendo uma postura de disponibilidade e abertura ao que quer que as outras pessoas tenham a nos conceder. Precisamos ter a compreensão de que o outro fará suas coisas dentro de suas próprias limitações e condições. Talvez nós tenhamos condições melhores, talvez nossas fronteiras sejam diferentes das do outro, então conseguiremos fazer coisas igualmente diferentes. Mas perceba a mensagem por trás dessas palavras: cada um fará aquilo que pode, cada um contribuirá com aquilo que tem! Sendo assim, não exija das pessoas coisas altivas demais. Antes aceite o melhor que naquele momento elas podem conceder. Talvez não seja exatamente o que você queria. Quem sabe na próxima você possa ajudá-la? Ou quem sabe na simplicidade do que ela pôde fazer você encontre uma riqueza que os mais desenvoltos não conseguiriam? No final é tudo uma questão de perspectiva. Você tem suas potencialidades. O outro tem as dele. Ganharíamos muito somando nossas potencialidades!

(Texto de @Amilton.Jnior)