E na despedida?
A dor da despedida é um sofrimento que transcende a tristeza contida nas lágrimas e toca a alma de um modo palpável espelhando lembranças e momentos, retrocedendo sonhos, planos e sentimentos que vão se convolando em cacos de vidro, porque geralmente a vontade era de adiar a partida e estar junto, aquecendo o coração. Contudo, por ironia do destino às vezes até mesmo o amor se esbarra em circunstâncias adversas que se configuram como obstáculos ao seu êxito de realização no viver cotidiano do tempo presente. Ainda assim, é necessário enxugar as lágrimas e seguir em frente pelo bem individual, bem como pelo zelo em resguardar a integralidade da história bonita entre duas pessoas que se tornaram almas gêmeas esparsas, separadas. Quanto à maneira de lidar com o sofrimento, a consciência de que na vida o sofrimento é inevitável tem o potencial de dirimir e atenuar o próprio sofrimento, por mais paradoxal pareça ser tal ideia. Em verdade, nós nos revestimos de coragem para destrinchar a dor de peito aberto quando aceitamos que ter medo do sofrimento não o tornará inevitável. Ao menos, encontramos na vida uma derradeira oportunidade de nos tornarmos mais fortes enquanto pessoas cuja força de viver se assemelha à força de um amor tão real que se tornou ideal, mas que nunca deixará de existir e deixou pegadas de esperanças de resgatá-lo no tempo.