CAMINHANDO, VIAJANDO, SEGUINDO E... VIVENDO
“O que vale na vida não é o ponto de partida
e sim a caminhada.
Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”
Caminho pelas ruas... avenidas... trilhas... passeios...
Ou dirigindo meu carro vou...
Ou mesmo de bicicleta...
Ah! como eu adoro pedalar!
Seguindo pelas vias... da cidade
Ou rodovias... [nas estradas]
Conhecendo vilarejos, povoados...
Atravessando pontes...
E assim “vivendo” desloco-me em minhas viagens
Literalmente falando
Ou metaforicamente (no que viajo em minha cabeça)
Mas sempre... ou caminhando... ou dirigindo... ou pedalando
E sempre... indo
Costumo ir pelos mesmos trajetos
Ou será que não são os mesmos?
Mudaram, então?
Ou será que eu é que mudei?
A lembrar agora o filósofo Heráclito que dizia que “ninguém
... pode entrar duas vezes no mesmo rio”?!
E creio que ele tem razão
Da sensação que nunca é a mesma
... nos “mesmos lugares” em que caminho ou vou
A ser [nisto a ser dito]... a graça de tudo:
Nada se repete... na vida
Nos passeios das praças escuto meus passos
E o zunido do motor do carro a se converter n’uma inexplicável melodia
À qual só eu ouço
N’um místico prazer que não se pode definir e muito menos “rotulá-lo"
E seguindo vou... sem um fixo ou "determinado" destino
E n’uma satisfação em que me sinto saborosamente “errante” nessas horas
Sim, nunca e em cois’alguma me sinto tão feliz
Mesmo sabendo que tudo logo mais passará
Oh! E o que há de permanente nesta vida?
Simplesmente nada!
D’alma a dormir enquanto desperto está o corpo!
Nessas horas em que tudo se transforma em “sentimento vivo”
Em que verdadeiramente se faz possível estar “atento”
(Momento raro!)
O caminho segue...
Nesta vida que às vezes se parece sem nexo e sem sentido
Ou nem parece... nada
N’um tempo a ser [sempre] inexorável e cruel
N’um mundo onde tudo é, talvez, somente ilusão e engano
Ou mesmo... um sonho?!
Sei lá!
Todavia, estou sempre “a caminho”
Sem indagar qualquer razão ou “porquê”
Sem nenhum problema a me atormentar
Nesta esotérica hora em que m’encontro comigo mesmo
Contrariando as outras [horas] em que deixo a vida... morrer
Sobretudo quando me perco no meio da multidão
E deste modo vou...
Nas estradas e passeios da cidade...
Entre alvoradas e ocasos...
No tempo que se torna um "mar" em que nele mergulho... sem medo
Do olhar consciente e, portanto, vivo... a perceber tudo
(Ainda que cerrados possam estar, às vezes, os olhos quando ando)
Oh! Quem pode explicar tal maravilha?
Ao longe, uma montanha
De perto, uma árvore ou mesmo uma flor
O espaço... realmente nunca está vazio
E o coração sorri... para tudo
Ai! No mundo valorizamos por demais os “símbolos”
Ao que não percebemos a essência de nada
E procuramos por Deus nos templos e catedrais
E vamos a romarias, às peregrinações...
Visitamos lugares “sagrados” (aos humanos olhos)
Quando o verdadeiro santuário é a própria vida
(Esta que ninguém repara)
Oh! Seria por demais difícil para muitos “abrir os olhos”?
Não, não irei dizer que Deus não esteja n’uma capelinha
Mas não me iludirei em achar que estaria somente em magníficas igrejas
Ou mesmo qu’estaria n’alguma imagem ou ícone qualquer
Contudo, eu também visito estes lugares
Porém, não os "valorizo" como a maioria faz
Deus está n’uma flor também
É verdade
Até mesmo n'uma flor do mato
Ou d'àquelas mesmas que nascem nas beiradas das calçadas
(E que ninguém as percebe)
A vida é tão rápida... e inconstante?
O que é visível hoje amanhã já não será...
O que no presente dia se faz “história” amanhã se tornará apenas “memória”
(Ou talvez nem isto)
Logo este dia terá o seu termo
Logo aquela flor provará o seu declínio (a sua morte)
Ah! O deus Shiva com seu poder destruidor! ...
Por que perdemos [aqui] tanto tempo?
Mas aquele deus é também regenerador e, portanto, amoroso
É verdade:
D’uma vida que não pode ser “essencialmente” aniquilada
E muito menos extinta
Quem sabe, para dar lugar... a outra vida [a estar pedindo nest'hora... passagem]
E então, são nas passagens da vida que sigo o meu caminho
Sem saber o que virá após cada curva
E sem olhar para trás
Avançando...
Entre retas e sinuosidades contínuas...
Às vezes sinalizadas
A apontar o que virá adiante
Outras vezes... sem nada
Ou muitas vezes em frente à bifurcações...
(Sem também nenhuma placa a que me oriente)
Mas, nada disso importa
O que vale é seguir
Mesmo que dê... muitas voltas
E sempre lembrando que aqui não haverá uma estática chegada
Somente caminhos...
IMAGENS: FOTOS PARTICULARES (E TIRADAS DE CELULAR)
MÚSICA: "The Long and Winding Road"- Com The Corrs
https://www.youtube.com/watch?v=uzveq8-H8Go