ALGUÉM JÁ PERCEBEU HOJE UMA FLOR?
"Tudo quanto é belo manifesta o verdadeiro”
Pelo que é tão simples seria por isso a razão pela qual muitos não
... reparam o que verdadeiramente belo é?
É verdade:
Queremos ver “milagres fantásticos”... "surreais"...
Ao que poderíamos dizer sem exagero... "visões cinematográficas”
E visto que deste modo nos portamos somos indiferentes
... às puras e genuínas expressões de beleza
Ao que preferimos “bijuterias” e não nos atentamos ao ouro!
Ou vemos [algo] somente movidos por [pessoal] interesse
E nest’instante eu pergunto:
Teria “alma” uma flor?
E por que não [a teria]?
Tudo o que vemos é feito d’energia
E, ao que melhor se diria, porque assim tudo é
... somos, pois, todos irmãos
A beleza...
O que é a verdadeira beleza... e ond’ela se acha?
A beleza...
Estaria n’um museu ou n’uma exposição de quadros?
Pode até estar em tais lugares... uma “certa beleza”
(ou, melhor se diria, apenas uma “ideia” de beleza)
A estar ali... uma “beleza artificial” (plagiada da Mãe Natureza)
A vida imita a arte ou a arte copia... a vida?
Ah! como estaria rica (para não dizer “milionária”) a Natureza
... se processasse os artistas pintores os quais a copiam em suas obras
Estes que as vendem a preços de ouro!
O que ela – a Natureza – concede aos nossos olhos... é de graça
Bastando-nos apenas a que os tenhamos verdadeiramente... abertos!
Mas, quem nos assassinou a faculdade a que tínhamos de ver de verdade?
Admiramos um cão de raça, mas ninguém percebe um mestiço (vira-lata)
E por quê?
Justamente (ou “injustamente” no que fazemos) discriminamos no que vemos
E, assim, não vemos... de verdade
Não reparamos o cantar dos pássaros durante o dia
Ao que preferimos a dissonância e a cacofonia do que muito chamamos de “música”
Estaria escondida a face da real beleza, ao qu’eu acho
Onde o que percebemos com nossos sentidos
... eis somente uma “imagem” a apontar par’ela
E, portanto, a verdadeira beleza transcende os nossos olhos?
E alguém duvida?
Ah! A beleza!
Por muito tempo o mundo se ilude com uma ideia a seu respeito
E [aqui] bem longe da verdade eis o que [d'ela] sabemos:
Uma ideia, somente isto
Apenas uma "representação" do que [ela] de fato é
Quem dera se as flores dos afrescos e quadros perfume tivessem!
Não, não estão agasalhadas com uma alma
Do que revestidas estão apenas d’uma externa “forma”
Isso mesmo: apenas um “véu” por fora
E porque ficam sempre as mesmas em suas telas
... impossível (com o tempo) não s’enfarar d’elas
(Pelo menos, é como eu sinto)
E que me importa se as flores de verdade um dia morrem?
E não haveria beleza [também] na morte?
Quem vê a “essência” da vida em qualquer de suas formas
... sabe que a morte é somente... uma transformação
Nada morre de fato, não!
Tudo murcha e s’esvai para se tornar... uma outra “forma”
(Neste tempo e vida em que todas as formas são transitórias)
Ó sagrado mistério a habitar no qu’esculpe toda a natureza!
(A que dele também nós participamos)
Uma simples flor do campo vale mais que qualquer quadro no Louvre
(Mesmo que a pequena flor seja... de graça)
Contemplastes [tu] hoje uma imagem do paraíso?
Um, quem sabe, prestaremos mais atenção às pequenas flores no caminho
E lembraremos:
Elas são oferecidas a todos pela Vida... de graça
05/01/2023
IMAGENS: ACERVO PESSOAL (FOTOS TIRADAS DE CELULAR)
MÚSICA: “SPRING WALTZ (MARIAGE D’AMOUR) - CHOPIN
https://www.youtube.com/watch?v=Yk-So4rt1cc