Do que me lembro.
De manhãs frias e aconchegantes de inverno.
Parecidas com aquelas de filmes cliches.
De um cheiro forte de infância, desses que não é possível se descrever.
Trazido por coisas simples,como o abrir de portas que precisam lubrificar as trancas.
Esse ranger acompanhado de muitos outros ruídos,me dizem do que me lembro.
São apenas vultos,curtos e que não me garantem paz.
Disso ainda me lembro,da paz deixada naquelas ensolaradas manhãs.
Sinto que de lá não a terei mais de volta,inevitável.
Agora tento completar as fendas com arranjos,impossível.
Uma aventura que não me fará bem,apenas vai confirmar das coisas que deixei,lamentável.
E mesmo assim seguir me parece ser necessário,trazer as memórias é reafirmar os erros.
Cada um deles de lá até aqui,isso é fácil se partirmos do princípio.
Que somos um misto de incoerência e medos.
Disso me recordo,do entardecer perfeito visto de uma janela frontal.
Olhos fixos sem franzir de testa,guardando uma beleza lúdica.
Consigo sentir o cheiro leve da brisa da tarde,acolhido pela pureza da inocência.
Esta,agora distante e sufocada pelas fadigas e fardos desse eu insurgente.
Quanto tempo ainda me sobra?,pra tentar sem certeza uma troca.
Do que tenho em dias futuros,pelo que ainda me lembro da "miséria" soberba de uma vida imperfeita.