Feliz Governo Novo!

Mais um ano se passou. 2022 foi marcante em muitos aspectos. Tivemos perdas irreparáveis. Mas também vitórias históricas que nos dão a chance de recosturar o tecido democrático brasileiro tão rasgado nos últimos tempos.

Tradicionalmente, nos reunimos com parentes e amigos para festejar e celebrar o novo ano que chega. Trocamos felicitações.

Mas sempre vale pensar, ainda mais depois de uma eleição tão difícil, qual o significado disso para além das palavras que às vezes dizemos até mesmo só por educação.

Estou morando em Maués, interior do Amazonas. Uma cidade pequena e agradável. As pessoas daqui, em geral, são muito dedicadas, educadas, gentis, cordiais. Mais de 80% delas votaram em Lula no segundo turno. Algumas com quem conversei me disseram que não queriam nenhum dos dois candidatos, mas consideravam muito importante votar em Lula naquele momento e que compreendiam que para se ter um governo novo não precisa necessariamente votar em quem nunca ocupou cargo político.

Esses fatos me fazem sentir que, por aqui o "feliz ano novo" não é dito só por tradição. São palavras percebidas nas práticas, acompanhadas de uma real esperança ativa.

Convenhamos que é no mínimo estranho ver bolsonaristas desejando um 'feliz' ano novo. Qual é essa noção de felicidade que eles tem? Já ficou mais do que evidente que bolsonaro e seus cúmplices são infelizes, espalham infelicidade, disseminam o ódio, desprezam até mesmo quem os apoiou, tem ideias e práticas velhas.

Obviamente, nem todas as pessoas que votaram em bolsonaro são insensíveis e cruéis como ele. Houve muito assédio eleitoral nessas eleições. Muitas pessoas, por ingenuidade, caíram nas chamadas fake news e foram vítimas de compra de voto.

Mas, em geral, quem votou nele, podia está querendo qualquer coisa, menos anos felizes.

Apoiar um candidato tão inescrupuloso, que cultua a morte, o preconceito, a violência e depois desejar um feliz ano novo é incoerente. E isso vale para outras datas também: desejar feliz dia das mães, por exemplo, soa bastante hipócrita se quem deseja isso for apoiador de alguém que ignorou a morte de tantas mães e filhos, especialmente durante a pandemia, dizendo coisas do tipo "e daí?" "Não sou coveiro."

Dizer "Feliz dia das crianças" mais parece um deboche se quem diz isso for defensor de um presidente que tirou máscara de crianças, em meio a maior crise sanitária da nossa história, entre outros crimes contra a infância.

Para algumas pessoas que tomaram esse lado errado da história, ainda há chance de se arrepender, redimir, aprender com o erro e não transformar o arrependimento em ressentimento.

Uma boa forma de construir um ano novo e feliz é evitando que nosso país seja conduzido por quem valoriza mais o lucro do que a vida, quem exclui os pobres, quem odeia a diversidade, quem tem a negação da vida como modo de tentar fazer política.

Ainda é possível, coletiva e individualmente, em pequenas e grandes atitudes, preparar e cultivar terrenos, onde nem a mais remota intenção fascista se crie.

O presidente Lula está sujeito a críticas, claro. Ele próprio disse que espera que o cobrem e critiquem.

Cobrá-lo e criticá-lo com o intuito de contribuir para o melhor, e até mesmo se opor a ele, também podem ser formas de produzir um feliz ano novo, desde que seja feito por meios democráticos, éticos, que não representem retrocessos, com práticas diferentes das que vimos nos últimos anos.

Apesar de algumas dificuldades que o país terá que enfrentar nesse ano que chega, há sinais de muitas mudanças positivas e motivos para comemorar.

A Covid-19 ainda exige muitos cuidados, mas tem caminhado para uma fase menos perigosa. Não haverá mais o negacionismo que a fez se alastrar fatalmente por todo o país.

Povos indígenas poderão respirar mais alivados. Haverá um ministério todo voltado para a proteção e garantia dos seus direitos.

O meio ambiente receberá investimentos que, inclusive, implica na geração de novos empregos. Teremos a chance de manter a floresta em pé e replantar grande parte que foi devastada pelo governo catastrófico que passou.

Ministérios como o das mulheres e o da igualdade racial também apontam para um Brasil novo. Haverá combate ao racismo, à violência de gênero e a outros problemas que assolam principalmentes os mais pobres.

Teremos políticas públicas que nos ajudarão a dissipar o clima de ódio que instalaram nesse país e desuniu famílias e amigos.

Enfim, depois de alguns anos à deriva, teremos um governo de verdade.

Vamos manter os cuidados necessários, vamos nos prevenir, nos unir e esperançar! Que 2023 seja de muito amor, saúde, prosperidade e renovações!

Feliz ano novo!

Feliz governo novo!