Recomeços...

Depois que conquistamos certo domínio sobre as coisas – o pelo menos acreditamos ter conquistado –, atingimos algum grau de maturidade em nossas ações – o qual, por vezes, pode ser mera ilusão –, determinamos nosso espaço de pertença na sociedade – ou ao menos imaginamos ter feito isso – é muito difícil recomeçar, ainda mais quando externamente não há nada que nos obrigue a realizarmos grandes mudanças em nossas vidas.

Foi esse exatamente esse o desafio que me coloquei nesse ano de 2022, processo esse o qual, na verdade, já vinha sendo gestado de algum modo desde o ano de 2020. Mesmo sendo professor formado e com trabalho garantido para o ano todo, resolvi “entrar de cabeça” em um processo de discernimento vocacional e deixar tudo de lado para adentrar uma experiência no seminário propedêutico de minha diocese.

Fiz algo jamais imaginado por mim: para visão limitada e humana, troquei o certo pelo duvidoso, ainda mais quando consideramos a necessidade de se passar por um longo processo, me submetendo à aprovação de muitos, obrigando-me a colocar-me sob os cuidados de pessoas até então desconhecidas. É, trata-se de uma grande caminhada na qual ainda estou dando os primeiros passos.

A constatação de que, na prática, diversas coisas fogem ao meu controle me traz muito sofrimento interno, mas ao mesmo tempo vivenciar isso têm sido uma experiência libertadora, creio estar passado por um lento processo mais profundo de amadurecimento. Neste ano, foram muitas as oportunidades de refletir sobre minha própria existência e as decisões até então tomadas. Diversas experiências vividas, amizades novas construídas, aprendizados que levarei por toda a minha vida...

Não estão sendo poucos os arrependimentos surgidos. Toda a revisão de vida faz isso: nos leva a perceber a necessidade de se corrigir muitos erros vivenciados cotidianamente como se fossem normais, mas que na verdade são verdadeiros contra-testemunhos os quais nos prejudicam por dentro e podem levar aos demais serem influenciados negativamente também. Têm sido bem lento esse desapego à hábitos inadequados, trata-se um aprendizado bem difícil de se executar, mas extremamente necessário para quem buscar se tornar alguém melhor.

Nesse sentido, percebo estar tendo um avanço considerável, apesar de lento. Todavia, ao mesmo tempo, percebo estar muito longe daquilo que deveria ser, São Paulo – a Carta aos Romanos 7, 19-20 expressa bem meus pensamentos em relação a isso: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim”. Mesmo já tendo avançado em algumas coisas, por vezes, tenho a impressão de ainda não ter nem sequer saído do lugar.

Procuro pedir à Deus em minhas orações a graça de nunca atrapalhar os planos d’Ele para mim por conta de meus erros, fraquezas e pecados, já recebi muito mais do que mereço, o mínimo de minha parte é procurar não desperdiçar nada por conta de uma conversão mal vivenciada. Espero crescer cada vez mais nos próximos anos que estão por vir e servir como verdadeiro instrumento d’Ele na vida de todos.

Escritos do MHLima
Enviado por Escritos do MHLima em 31/12/2022
Reeditado em 31/12/2022
Código do texto: T7683747
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