Recordações

Vivemos dizendo que passado é passado, o que não deixa de ser uma verdade. Mas

nos últimos dias meu passado nunca esteve tão presente, não sei se é porque perdi o

contato com os costumes e o bem viver da bondosa gente do interior, onde fui criado e por

razões necessárias, mas contrárias a minha vontade fui obrigado a deixar para traz. É bem

verdade que até pouco tempo ainda mantinha vês por outra relacionamento com o campo

e os chamados caipiras, grupo do qual ainda acredito fazer parte com muito orgulho, mas

as necessidades da vida e os afazeres de quem foi obrigado a viver nesta floresta de

concreto, muitas vezes nos obriga até mesmo a fugir do que mais gostamos de fazer. Sei

que é por causa da proximidade do natal a causa primeira de minhas recordações digamos,

juvenis.

Não é nada fácil segurar as lágrimas teimando em jorrar de olhos tão ávidos de

apreciar encenações singelas, como por exemplo, as folias de reis visitando casas na

tentativa de preservar no seio do caboclo, essa cultura enraizada nas mentes puras de um

povo já bastante esquecido. Esquecido porque a modernidade chegou também ao campo,

onde a televisão consegue abraçar todo o tempo disponível do caboclo, impedindo o

mesmo de raciocinar viajando na cultura de seus antepassados.

Não posso, mas tenho conhecimento de muitos que lutam para preservar estes

costumes e é a esses que reverencio agradecendo desprendimento tão valioso, para que no

futuro nossos filhos e netos tenham uma pequena visão do quanto éramos felizes sem a

modernidade que hoje nos faz parecer seres robotizados perambulando pelo mundo.

E como lembrar ainda não paga imposto, vou viajando na memória e deleitando com um

passado simples, mas gostoso de rememorar.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 07/12/2007
Reeditado em 07/12/2007
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