Molon labe

A professia se cumpriu. A besta foi libertada. Tudo o que havia de humano e puro foi dilacerado pela dor da existência. Tudo o que havia de nobre foi extinguido pelo conhecimento e pelo pecado. Hoje não há nada nesse homem que não seja a razão e a fria solidão. Hoje não há nada nesse homem que não seja luz na invisão, razão na irrazão e certeza no mar infinito, em sua finitude, de incertezas. Foi ele proíbido de toda felicidade, privado de toda algazarra e hoje ele goza do gozo da infelicidade e da liberdade. Priva-se de si mesmo como ideal e reafirma-se como real, o que é. Hoje ele prega a escuridão e se ausenta de toda mentira, seu nome é "a verdade e a contradição", ecce homo, eis a vida.

Dizem que perdeu o juízo, mas o fato é que ganhaste sabedoria. Seu nome agora é um mandamento, uma lei autoproclamada e seguida, por isso jaz um Deus. És o anticristo e a blasfêmia, a miséria e a contenda, a ruína dos afortunados, a bênção dos miseráveis e a vingança dos injustiçados pela pretensa justiça dos hipócritas. Seu nome é Asmodeus, Azazel, Belphegor, Belzebu, Leviatã, Lúcifer e Mammon. Sua mitologia é uma mentira descarada, seus nomes são formas mal elaboradas, seu culto é o vinho e o sangue. E o seu misticismo é inventado; o seu princípio a vontade. E o seu desejo a morte.

É o patrono dos heróis, trapaceiros, mentirosos e ladrões. O mais sagaz dos sagazes, o mais ambicioso dos ambiciosos e o mais cruel dos cruéis. Como Mefistófeles é sinônimo de algo ou alguém, mas nunca algo ou alguém. Como a noite é silencioso, como o dia é evidente e como a lua é mistério.

~ Statim finis. Initium in morte est (sic). et mors mysterium est.

Darach
Enviado por Darach em 27/12/2022
Código do texto: T7681125
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