TRANSBORDAR

Há súbitos momentos em que o pulsar da vida se desloca do peito para as pontas dos dedos; escrevo ora com a intensidade de uma ferida aberta e inflamada, ora com a vivacidade do choro de um recém-nascido, ou com a gratidão do prisioneiro solto e declarado inocente.

O ritmo e a dança das palavras simplesmente encontra a cadência do momento e se impõe ocupando, ora lentamente, ora de forma avassaladora todos os espaços.

Tal fenômeno não me permite ser menos: transbordo. É o pulsar do sangue que escorre nas veias que quer correr chão, fazer-se oásis, germinar.