Alma Metade

Você era a minha alma metade, tanto é que me deixou ao meio.

Meio viva, meio abatida, meio estranha, meio incompleta.

Que bom que arranquei esse pedaço que me parasitava, uma doença que me fazia apodrecer e definhar.

Não me disseram que a alma metade era assim. Talvez eu tenha uma alma podre, mesmo.

Melhor melhorar, então.

Alma metade, se você for assim, pode levar o resto de mim.

Eu não sinto a sua falta, e estou melhor assim.

Como é bom voltar a viver com apenas a própria metade da alma, pois nenhuma outra a mim me serve.

Você me fazia sentir que eu chegava em casa, e me era tão familiar, mesmo não sendo. Era, sim, uma alma que pertencia à minha, uma alma que conhecia a minha, da mesma forma que eu lia todas as suas emoções e necessidades.

Mas você, essa doença de alma, não combina com a minha. E eu estava doente por precisar tanto de você naqueles dias. Não tenho a intenção de apagar nada, mas eu já deixei tudo para trás. Daqui para frente, andar com apenas uma metade da alma será mais leve, e é suficiente. Porque, você, não quero mais na minha vida. Selo-te para fora da minha vida, lugar sagrado para onde não poderá mais retornar, até o fim desta história, que termina no fim da vida.