Liberdade

Quando a gente publica o que escreve, deve prever que outras pessoas lerão o nosso texto e, queira ou não, sofrerão influência da informação apresentada, só muda o canal, que tanto pode ser a Globo, a Folha de SP ou qualquer outro, neste caso a nossa escrivaninha. Vim até aqui para dizer o que penso sobre os atos da nossa Justiça. Cabral é réu confesso, é verdade. Para uns ele teve hombridade, para outros teve a cara de pau e o cinismo de admitir o mal-feito. Os diversos crimes de corrupção que praticou somaram valores absurdos para um único funcionário público, de impressionar mesmo, tanto que fora condenado por mais de quatrocentos anos. O volume de dinheiro afanado mandou muita gente pobre pra sarjeta, e embora grande parte dessa quantia tenha sido recuperada pelo Ministério Público, principalmente a que estava a nossas vistas, o valor não retorna para a devida secretaria de onde foi subtraído; e no caso do Cabral, ainda outra enorme quantia ficou perdida, paradeiro desconhecido, o que nos tira a garantia de que este meliante esteja arrasado financeiramente. O que me deixa boquiaberto é a generosidade dos nossos magistrados, durante todo o período de reclusão Cabral jamais comeu o rango da Penitenciária, por inúmeras vezes montou home theater na própria cela para assistir filmes e canais de TV exclusivos, tinha espaço reservado usado como escritório; resumindo: fora as visitas íntimas, ele fazia a festa! E agora, mal passados seis anos de reclusão, o digníssimo bandido completará o tempo necessário para engavetamento de todos os processos que responde, num ap de 80 m2 em Copacabana, área nobre da cidade, com previsão de retornar para o ap do Leblon, um por andar, de 400m2, próprio, em prédio só de milionários, daqui a poucos meses. Assim como o ex-governador, Rogério Andrade, contraventor, corruptor de policial militar e mandante de assassinato, também foi solto pelo STJ com alegação de falta de provas contundentes. Um outro caso absurdo promovido pela nossa Justiça, é o do chefe do tráfico de drogas Celsinho, da Vila Vintém, famoso por tomar de assalto sob fogo cruzado vários pontos de venda de drogas da concorrência nas favelas da periferia da cidade, que hoje, também está solto, em casa. Os três são do Rio de janeiro, mais conhecido como Cidade Maravilhosa. Taí uma calamidade pública promovida pela nossa magistratura da mais alta Côrte. Curiosidade: sabe como foi que o juiz fundamentou as decisões de soltura tanto de Cabral quanto do Celsinho? Com a alegação de que ambos já haviam cumprido tempo de reclusão além do necessário. Isso é o que me enche de orgulho do meu país. Você não fica orgulhoso, também, ao saber disso? Não! É porque não tem senso de humor.

Dilucas
Enviado por Dilucas em 21/12/2022
Reeditado em 23/12/2022
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