A RESPONSABILIDADE DA LINGUAGEM
O ser humano, cujo dom é a linguagem oral e escrita, é aquele que pode tanto trazer a morte social de seu próximo com a verbalização de ofensas gratuitas, quanto elevar a estima de uma pessoa com um simples elogio, fazendo a sua glória em meio a vida pública e compartilhada. De fato, ele é o único entre os seres que eleva ou abate, agracia ou amaldiçoa apenas com a comunicação de palavras que nunca voltam vazias no meio social em que é pronunciada. Ter esse poder com um singelo movimento de um órgão, ainda que ínfimo, não deixa de ser uma enorme responsabilidade, cujo alcance abre os caminhos da condenação ao ostracismo ou do reconhecimento do valor de um ser. O que quer que saia da boca de um homem ou de uma mulher, o que que quer seja articulado de sentido, há um efeito no mundo a sua volta que pode ser quase irreversível. A sua voz, numa escala, pode ser a opressão do inferno que condena, ou então, num outro extremo, a luz do paraíso de uma graça que redime. Numa melhor perspectiva, a linguagem humana pode favorecer a beleza de uma doce gratuidade a estreitar ainda mais o valor de uma comunhão.