I-LXXVIII Jaezes de vida e morte
Ao mundo calado por ameaça, fiz-me revoltante e trouxe a graça:
É incerto o que perdi em meio ao caos, estou em débito com quem mantém o mal.
Lembro-me quando criança da falta de esperança de quem me erguia,
vivia por euforias e sorria diante da morte que viria.
Tamanha maturidade ou falta de senso,
a incoerência do adultério com a fé do que é certo.
Por isso e mais fiz-me inclinado ao declínio,
sucumbido à vontade de ser menos vívido,
realizando as poucas vontades que permitem o destino.
E como as marés que refazem o mar,
seria fatídico minha vontade de alguém encontrar,
apenas para ver-me sem revolta, sentir-me um homem
como outros de outrora.
Assim preso ao fado de amar, o livre arbítrio soa
como conto pueril; cheio da intriga de quem fez-me aqui,
herdado da bondade pelo simples fato de existir.