I-LXXVIII Jaezes de vida e morte

Ao mundo calado por ameaça, fiz-me revoltante e trouxe a graça:

É incerto o que perdi em meio ao caos, estou em débito com quem mantém o mal.

Lembro-me quando criança da falta de esperança de quem me erguia,

vivia por euforias e sorria diante da morte que viria.

Tamanha maturidade ou falta de senso,

a incoerência do adultério com a fé do que é certo.

Por isso e mais fiz-me inclinado ao declínio,

sucumbido à vontade de ser menos vívido,

realizando as poucas vontades que permitem o destino.

E como as marés que refazem o mar,

seria fatídico minha vontade de alguém encontrar,

apenas para ver-me sem revolta, sentir-me um homem

como outros de outrora.

Assim preso ao fado de amar, o livre arbítrio soa

como conto pueril; cheio da intriga de quem fez-me aqui,

herdado da bondade pelo simples fato de existir.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 17/12/2022
Reeditado em 17/12/2022
Código do texto: T7673975
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.