O PROBLEMA DO AMOR EM NOSSA ERA
Para existir um amor verdadeiro entre os homens é importante que haja uma aptidão muito rara, uma aptidão além de qualquer fechamento no eu inflexívelmente egoísta. E também uma dádiva que transcende as meras paixões e possessividades.O amor entre um homem e uma mulher, para ser autêntico, precisa se constituir de dons, como lealdade, respeito, fidelidade e companheirismo (um caminho de encontro); e, outrossim, se revestir da luz da eternidade na temporalidade de nossa existência para torná-lo concreto como uma rocha e duradouro enquanto se é possível viver nesse mundo. Infelizmente, o homem moderno amarga o preço de conhecer apenas um amor superficial, insuficiente para se abster de suas próprias taras e mazelas em prol do outro enquanto cuidado. A condição do homem moderno é, portanto, bem trágica: a de viver uma total liquidez em vários aspectos de sua existência, para usar uma expressão de Bauman. E essa situação de calamidade existêncial certamente reflete no dom mais sublime que um ser humano pode ter: a sua capacidade de amar...Apesar disso, eu penso que nunca se houve um amor mais próximo do divino e mais perfeito do que o de uma mãe pelo seu filho. Mas de qualquer forma que encaremos o problema do amor em nosso tempo, permanece uma questão em aberto para cada um de nós, qual seja, a de repensar a nossa relação com outras pessoas, com a divindade e tudo o que pode ser um estímulo para nos aproximarmos de nossa integridade, numa persistência de levarmos a sério a aventura das relações inter-humanas.