I-LXXVII Jaezes de vida e morte
Não percebo mais trilhas sobre a terra,
já vou-me perdido desde que me apontaram o caminho.
Giro sem norte, tudo que reconheço já vi, e lembram-me morte.
Mas sempre que ouso perder-me, pergunto o porquê de aqui perecer-me:
Se é pela selva húmida, ou pelo frio incessante,
se é por capricho ou por minha ânsia de ser amante.
Mal tenho o tempo de existir,
nem dinheiro que lapide a carcaça que nasci.
Tenho poucos sonhos humanos, vejo-me sempre
como alvo dos assombros do cotidiano.
Temo a vergonha, o vexame,
temo confiar as fraquezas em quem,
por direito, vive sob seus ânimos.
Há dias que amo sem retorno.
Hoje o revejo, para que recupere um pouco do anelo,
atando meu mundo de palavras gamadas,
para que o excesso não nos desfaça.