I-LXXVI Jaezes de vida e morte
Me nervo sempre que me dou um sonho.
Perdi minha última vida por uma espada presa à rocha,
e hoje queimo no verão de Mali, sob armas em minhas costas.
Nunca fui pai, jamais fui filho, mal tenho sido alguém que me identifico.
Um dia minha alma não dependerá deste coração.
Ofenderei a vida sem consequências,
e irei rir do que mais fez-me sucumbir nas urgências.
Serei, eu, o monstro das próximas mitologias,
inspiração dos aventurosos egoístas.
Se serve de consolo aos irmãos separados pelas artimanhas da sorte,
a arte jamais deixou-me viver, fez-me roubado por tantas mortes.
E aos discípulos sem casta, oriundos de vidas desvairadas,
que se veem sob minha raça, que o destino lhes refaçam.
Pois há muito no consumo e pouco no consolo,
e que tenham fé em meus pobres rumores,
para que, do mundo, eu leve menos rancores.