Sentido da Vida
Falo por mim, advirto-vos para que ninguém faça de minhas palavras suas palavras. De certo que nunca escrevi sem falar por mim, todas as vezes falei por mim, não sei nem porque lhes disse isso.
Minha vida é uma vida que me é cruel. Cruel porque fiz tudo o que era para fazer em cada estágio de minha vida para lograr êxito em algo, mas aos meus olhos tudo foi em vão, tudo foi nada e aqui estou, escrevendo as desgraças de minha vida que pelos resultados está sendo jogada fora e sem forças minha libido encontra forças transcendentais com as quais não sabe lidar.
Perdido em mim mesmo, encontrei-me solitário no dia em que percebi que meus bajuladores não mais estavam comigo, se é que algum dia eles estiveram. Suas palavras foram vazias, palavras ao vento para favorecer o ego de uma criança. Bem que vós poderíeis ter-me alertado quanto a minha mediocridade; melhor seria machucar uma criança do que ferir um adulto. Machucados sempre se curam, feridas podem levar à morte; se machucada uma criança adquire experiências e no decurso de sua vida, defende-se cada vez melhor, contudo, um adulto ferido, se feriu por nunca haver se machucado, porque se já houvesse sido machucado saberia como se comportar com a situação que o feriu. Bem razoável é que ele teria com seus machucados formado uma carapaça contra as adversidades e seu futuro não seria mais do que mais machucados, sem nunca se ferir, enfim, por causa da carapaça.
Medalha no peito coloquei, não pelo futebol que sempre joguei, mas pelo estudo sobre o qual sempre me interessei. Futebol, nunca me dera nada nem ao menos uma medalhazinha de torneio. Estudo, és tudo em minha vida, mas de ti o que ganhei? Sempre em todos os casos, em todas as situações aos meus olhos era bom, mas não era. Quanto ao futebol não sou fracassado, pois nunca me disponibilizaram jogar na rua e fazer coisas de criança, salvo algumas coisas que fazia. Mas no estudo sou um fracasso.
Top 3 das cinco escolas que passei, isso me acalmava a continuar no mesmo ritmo, pensando rumar pelo caminho certo. O pior de tudo, como disse no início deste texto, é que as pessoas do recinto onde eu vivia me encorajavam a seguir naquele mesmo ritmo, pois bem. E assim foram os meus dias de ensino fundamental, se achando mais do que estudando, mas estudando muito também.
O ensino médio chegou, e com ele todas as dificuldades do Fundamental reaparecem, assuntos não estudados seriamente, seriam fantasmas a me atormentar. O jeito seria estudá-los, mas eu não tive forças, o jeito foi empurrar mais uma vez com a barriga e amontoá-los no quarto da minha ilusão temperada com hipocrisia. A hipocrisia, pois apesar de saber que não era um bom aluno, assim eu atuava e enganava a todos. O vestibular chegou. A verdade chegou. Notas medíocres confirmaram aquilo que eu lá no meu íntimo, já sabia. As pessoas que me enganavam, que não me machucaram, procurei-as, não as vi. Então elas me feriram com seus desdéns, o meu sangue jorra de mim. Anêmico estou, prestes a morrer, perdido nesta selva escura em que não mais se vê a trilha do Sentido da Vida.