O silêncio II
Se há uma linguagem mais intensa nas relações humanas é o silêncio.
E sua personificação se materializa quando ele vem precedido de uma ideia de posse ou de juízo de valor...
Suas cognições são de abrangência interna, movida pelo movimento das sinapses sem mediações com o mundo exterior...
Ele é inquisidor, chegando a nos colocar em xeque com a nossa própria forma de pensar e de agir...
Ele é provocador, aguçando nossa forma de intervir para saber aonde se quer chegar...
Ele é sagaz, e sua astúcia elimina do pensamento quaisquer ingenuidades...
A razão de sua existência não é motivada, necessariamente, por algo racional, mas, circunstancial...
Às vezes, surge como disparos numa tentativa de querer blindar o pensamento, na possibilidade de reforçar a sua não exposição, tornando-se em vão, pois, o olhar que também é silencioso o faz exteriorizar-se...
Mesmo quando não ouvimos seus sons, sua linguagem permanece ativa, modulada por uma criptografia indecifrável que só o tempo conseguirá traduzi-la!
No efêmero presente, ele se manifesta interagindo, questionando, refletindo e buscando respostas para as crises construídas...
No futuro, será apenas uma lembrança do passado, que ainda poderá permanecer em silêncio.
Recife 02 de dezembro de 2022.
Luiz Carlos Serpa