Gigante

Quem sou eu para tentar conceitua-la?

Sendo apenas mais uma vítima de sua perversidade.

Como vítima posso dizer que é gigantesca!

Seus passos são tão pesados e suas marcas tão profundas que podemos chamá-las de crateras que vão apagando meu corpo celestial que outrora era sol.

A cada passo um estrago maior que o anterior e meu ser cada vez se torna total e amplamente destruído, apagado e abafado.

A desesperança se instala e o que vai restando do meu Eu? apenas farelo, pó, lembrança, um ser aniquilado.

Tento, procuro, busco... tudo se arrasta e a morte vai se tornando minha melhor opção.

O quanto antes ela chegar menos sofrimento e dor esses enormes ferimentos me trarão.

Me apego a qualquer objeto, sentimento ação a mim lançados.

As vezes pedras, cuspe e desdém

As vezes amor, carinho e afagamento.

As vezes corda, mãos e abraços

Qualquer fagulha de vida que faça brotar, ainda que regada com minhas lágrimas, uma sementinha que ficou ali escondidinha na cratera e quase totalmente esmagada.

Incipiente se torna minha arma secreta. Aquela que vai lenta e delicadamente crescendo e se espalhando enchendo de vida cada cratera.

E eis que a perversa a descobre lá brotando e lhe soca com os gigantes pés bem forte erguendo-os o mais que pode... tentando me esmagar.

Sou teimosa e mesmo com meu Eu quase inexistente tento me levantar.

É difícil lutar com algo tão grande que está dentro da gente!

Talvez uma bala, a tal corda ou um veneno!

Não, resisto! Melhor me apegar nas mãos, afagos e amor!

Lembrando que se ela é gigante mas cabe dentro de meu ser sou Eu então ainda maior.

E no fim serei Eu o vencedor!