Solidão
Quem sabe o sentido disso...?
A cabeça é pequena demais para um universo tão vasto
Loucura pensar que conseguirá respostas de tudo
Esse planeta é um sonho indecifrável
Retrato, para nós meros humanos, do absurdo
Pra quê flores no verão se no inverno tudo fenece,
Por que sonhos se eles se demoram
Às vezes não acontecem?
Minha dor é tangível
meu fracasso é inadmissível
Humano que sou
teimoso, obtuso, reclamo do que não sei
Sou um monte de feno
Talvez um barro moldado
e provado no fogo
do que eu não sei...
Mas quando o coração está curado
o belo do mundo são as coisas pequenas,
não há dores e nem tristezas
um rio e uma casa abrigam uma alma
Mas com o coração dorido
usamos o papel e a pena
escrevemos à vela as angústias desta terra
e não vemos mais a beleza das gaivotas
pousarem no mar de bronze
quando a tarde cai acompanhada de lágrimas
Mas como já disse, sou teimoso
meu coração quer parar
Se a morte solução fosse
não haveria vida
e se a vida quer que eu viva
que eu viva doce!
Embora agora eu sinto amargar o sonho.
Não, não quero maldizer
só dizer que a minha vida é um longo soprano,
solidão de muitos anos
me descreveu
me desenhou
Fui música nas mãos do artista
e a poesia me salvou
e o piano me recitou
(música única eu sou)
O céu e o firmamento não dão a resposta
Ainda assim eu sinto o vento passar e isso já me aquieta
A graça me cerca quando o coração se desespera
e parece que vou naufragar,
Então algo me adormece,
e vencido pelo cansaço me deito
no outro dia
é dia novo
alguém tirou a dor minha alma.