“Me ame quando eu menos mereço, pois é então quando eu mais preciso”
Esses dias me deparei com está frase, involuntariamente comecei a pensar sobre esta verdade que traduz essas palavras, praticamente já nos aproximamos do fim do ano, tempo esse propicio a reflexão de vida, de atitude, de organização de sentimentos, esse tempo onde nossas esperanças se renovam.
Queria sugerir algumas perguntas reflexivas. Temos compreendido o que é amar? de fato sabemos o que essa palavra pequena, mas carregada de simbologia tem significado na nossa vida? De que maneira temos demonstrado esse amor?
Nossos dias tem sido tão corrido, cheio de afazeres que até temos esquecidos de que é bom e saudável, refletirmos sobre a nossa vida, temos que ter tempo pra tudo hoje em dia, menos pra pensar e refletir na nossa vida. Na correria dos nossos dias, alguém fala em um tom mais alto e já entendemos como uma ofensa, paramos de falar porque foram ignorantes conosco, alguém diz uma palavra que nós não queríamos ouvir, faz uma crítica que acaba até nos ferindo e nossa atitude é de afastar-se, ali não é mais um lugar para nós. Cabe nesse momento uma reflexão: amava essa pessoa, mas ela pisou no meu calo e não quero mais contato com ela, se era alguém que amava e fazia bem porque não buscar entender os motivos dela? porque não chegar e dizer isso não foi legal, me machucou, mas eu lhe amo e queria entender essa atitude!
Temos perdido essa capacidade de falar das coisas que nós aflige, somos ligados e conectados pela tecnologia, mas tão distantes uns dos outros, nossos afazeres tem sufocado até as coisas boas dentro de nós. Por isso a frase inicial é reflexiva, o momento que eu menos mereço ser amado pelos meus familiares e amigos, se torna o momento que eu mais preciso desse amor. É fácil a gente amar alguém quando nos falamos todo dia, é fácil amar quando tudo dá certo, quando o outro tem uma utilidade, tem algo que pode nos oferecer, tem uma palavra e um conselho pra dar, tem um lanche pra repartir, quando o outro tem dinheiro pra rachar a conta, e quando acontecer o contrário? será que teremos a mesma capacidade de amar ? naqueles dias que o outro chega estressado com você, fala uma palavra que lhe fere, porque ele também está ferido por alguma situação da vida, naqueles dias que ele está sem rumo na vida, esta chato pra cacete, fala coisas que você não quer ouvir. Até lhe crítica, trai a sua confiança, pois é neste exato momento que ele não merece ser amado é o momento que ele mais precisa do seu amor. Não é fácil amar, muito se fala nessa palavra, mas após 3 semanas sem falar com seu antigo melhor amigo, ele já deixa de existir na sua vida, que tipo de amor é esse?
Se olharmos através da ótica do merecimento, ninguém merece nosso amor, porque a própria palavra associa-se com sofrer e ninguém merece isso, assim como nós também não merecemos o amor daqueles que nos rodeiam, porque também nós o fazemos sofrer, a diferença estar bem nítida, nós não merecemos, mas precisamos desse amor. Que maravilhoso seria se tivéssemos essa capacidade de olhar nos olhos de quem nos feriu e dizer, você me machucou, suas palavras torpes doeram em mim, sua atitude não foi legal, mas porque eu te amo eu sei que você precisa de mim e aqui estou porque eu também preciso de você. Você errou, me fez mal, você priorizou a tantos outros e esqueceu- se de mim, você não tem mais algo de bom pra oferecer, mas ainda assim eu lhe amo, porque esta capacidade ela vai além da sua utilidade.
A vida é uma roda que sempre gira, uma hora nós somos os feridos, em outra girada da roda nós somos o que causamos feridas e como seria bom que tivéssemos essa compreensão, nossas relações seriam mais estáveis, mais duradouras e até mais saudáveis, porque é fácil ir embora quando o outro pisa no seu calo, difícil mesmo é estar com o calo doendo e ficar porque sabe que o outro também está ferido e mais do que nunca necessita do seu amor, fácil é encontrar alguém que nos agrade em tudo, difícil é conviver com as diferenças, fácil demais dizer que ama em uma roda de fartura, bebida e diversão, difícil é ficar quando não há mais nada no outro, nem mesmo gratidão. Nossas relações tem sido superficiais porque nós estamos vivendo uma vida superficial, a regra da vida é essa me machucou jogo fora, não pensam como eu jogo fora, não tem uma utilidade pra mim eu descarto. Relações superficiais formam pessoas superficiais também, e um dia estaremos lá na chegada da vida nos perguntando talvez eu tivesse vivido melhor, amado mais, perdoado bem mais, mas preferi descartar pra evitar sofrimentos. Somente quem tem a capacidade de muito amar os seus é que tem a capacidade de muito sofrer também. Amor é doação ao meu simples vê e na minha pequena inteligência. Amor é decisão e uma vez que eu decido viver pelo descartável, minha vida também será bem semelhante.