Quando a alma fala pelos olhos
um mundo inteiro se desdobra,
um mundo que, muitas vezes,
gestos e palavras não conseguem expressar.
É quando podem surgir a contradição
que não existe na linguagem do amor,
mas é tão latente.
Por isso aprende-se
a ler olhos,
o corpo, a alma...
e o silêncio...
O silêncio fala e retumba
o eco desse falar
no espelho da vida.
Quando o poeta silencia no poema
está dizendo de sua intensa emoção,
de que não existem palavras
que possam expressar
o que precisava, urgentemente, falar..
Renovar, ressignificar...
Então nasce o poema de silêncio...
O poema eterniza o momento.
Penso ser a coisa mais linda do fazer poesia.
É como descomplicar o complicado.
Deveria ser a meta de cada ser humano:
descomplicar...
E viver o sonho...
viver o amor...
Um amor tão lindo, generoso,
que cuida e protege,
que olha e vê a beleza e o perfume
e com eles se inebria
em um lindo poema de amor.
mesmo que a hora de um
nem sempre seja a hora do outro.
Por isso, a necessidade da comunicação,
de diálogo, de que o outro saiba
o que está acontecendo
e não seja supreendido pela dor do poema
pelas presenças que machucam
pelo que não compreende
e não sabe porque precisa, de novo,
a mesma dor reviver...
Que se fale...
Que se auditem os segredos
nos cadernos do tempo
para que tudo fique claro
e a flor possa viver em paz
o seu amor e a paixão
que nunca, antes, viveu
com a intensidade de agora.
É quando o sorriso da alma
se faz arabescos de iluminuras
na beleza de uma voz
que chora o sentimento num poema
e é uma carícia
que suavemente pousa
nos lábios feitos só pra beijar...
nos olhos que usam lentes
de diamante que veem além
do material existente na casca
mas percebem o espaço profundo
entre a existência de um vazio
de dor de sofrer e morrer
e de um vazio de paixão
cuja dor de chorar
chora a felicidade.
Queria ter essas lentes
que enxergam a escuridão
e as luzes de um coração
e sabem caminhar por elas,
por vezes, usando as pernas,
por vezes, usando as mãos,
por vezes usando,
rastejante e suplicante,
o corpo.
Também sou uma privilegiada
por conhecer meu amor,
um amor assim:
De rara inteligência,
de falar inusitado e belo,
de mansidão e paz,
mas também da força
e intempestividade,
da loucura do desejo
e todo amor.
Um amor intenso,
louco e consciente
ao mesmo tempo.
Belíssimo.
Tocante.
Que me beija,
num beijo cálido,
num momento sublime
de se estar em festa
num abraço e senti-lo
percorrendo quente o corpo,
queimando tudo,
até a ponta dos dedos.
Um amor que está contigo na tristeza
e te ensina que também há beleza na tristeza
paz e solitude na solidão.
E que estar só consigo mesmo
é estar consigo mesmo só.
É o amor pleno,
onde dois compreendem
que são um e nada pode mudar.
Que navegam juntos
na pequena Orion -
tripulantes vestidos de Sol -
em direção a órbita da Lua
onde viverão seu amor de ontem
quando o tempo e o espaço
se juntarem e as portas
do Pórtico de Amor
se abrirem para não mais
fecharem.
É certo que Portas fechadas
nos ensinam a não desistirmos.
Nem de nós, nem de ninguém.
Nos ensinam a olhar através delas
e ver os olhos que nos contemplam
em silêncio de amor eterno e sonho.
Por isso, amor meu:
Que o sonho
de estar sempre junto
de quem amas
não demore.
Abrace o sonho
quando ele passar, agarre-o.
Traga-o para perto de ti,
em teu peito,
em teus braços feitos,
ame-o como nunca o amou antes.
E lembre-se:
o sonho é teu, só,
e de mais ninguém.
Jamais esqueça:
eu te amo, tanto, tanto:
eu também te amo...