Minhas correspondências

Houve um tempo em que elas chegavam, a expectativa pelos correios era grande, uma comunicação única,  sem meias palavras. As cartas eram inclusivas  toda a família esperava que o destinatário a lesse em voz alta para todos presentes. Um romance ou um acanhado flerte se dava por cartas. Notícias ruins ou boas também assim  chegavam.

Além de tudo os vizinhos também sabiam que você havia recibo algo especial,  pois os correios faziam questão de chamar em  voz alta e os cachorros contribuíam para espalhar a notícia. A espectativa da chegada dessa eventual boas novas deveria ser registrado por pintores ou fotógrafos . O êxtase tomava conta, as mãos tremiam, os olhos brilhavam e a garganta secava, meu Deus! Era a notícia de um ente querido, amigo ou filho que retornava aos amados. Com pena e caneta o mundo  se fez, os amores foram confirmados e desamores desmanchados. Tempo em que a esperança se confirmava pela pressa em abrir a correspondência com um frio na barriga da expectativa da notícia.