Sentir a Deus

Deus viu minha aflição. Estava muito angustiado e ele percebeu meu sofrimento.

Não imaginaria que seria tomado pela tristeza, mas Deus sempre se fez presente...

A dor era tanta que cheguei a afirmar que fui traído pela sorte, e que a vida fechou as portas para mim...

Mas no mais profundo íntimo do meu ser, eu sabia que não estava sozinho, e todas essas palavras emergiram como desabafo da angústia que estava passando...

Não poderia imaginar que viesse a sofrer com tanta intensidade como estava vivendo naqueles dias, e ao mesmo tempo, questionando-me porque estava passando por isso...?

Muitos questionamentos surgiram sem encontrar respostas, ou pelo menos, a resposta que eu gostaria de ouvir...

Fiquei como um barco à deriva, ao imaginar/refletir tantas coisas da minha vida, questionando a mim mesmo para ter a certeza de que eu não estava sonhando, e a convicção do que eu estava sentindo era real.

Diante do espelho, vi meu semblante fragmentado, com pedaços que caiam diante de mim...

Busquei encontrar forças para superação, mas só encontrei revolta, tristeza e dor, imaginando até que havia sido esquecido por Deus.

Procurei refúgio em meus pensamentos, imaginando que seria possível encontrar guarida, e o resultado não poderia ser diferente... Mais questionamentos surgiram, instigando a minha capacidade de reflexão. Nesse momento, vi quão pequeno eu era diante a dimensão dos meus pensamentos e da busca pela solução e de seus questionamentos.

Foi quando de uma forma inimaginável senti que Deus pela sua infinita misericórdia, e de uma forma simples, mas eficaz, mergulhou dentro de mim trazendo-me paz e alegria.

A sensação era como se houvesse drenado de mim a amargura da morte que estava me angustiando...

Não tenho palavras para expressar a forma como as coisas aconteceram, mas consigo ter a nítida certeza que eu saí do estado de angústia para o estado de Esperança, e isso me fez entender que em todos os momentos, mesmo os mais difíceis, eu não estava sozinho...

Deus ouviu minhas angústias.

Deus ouviu minhas lamentações.

Deus ouviu o meu choro.

Deus ouviu a minha dor.

Deus estava ao meu lado em todos esses momentos, operando dentro de mim. Falando aos meus ouvidos... Colocando sua mão sobre minha cabeça... Retirando o fardo de minhas costas e de meus ombros... Tocando no meu peito, no meu coração, para aliviar a pressão que estava sobre ele.

Ele soprou um vento nos meus olhos para que eu conseguisse enxergar melhor...

Tocou nos meus lábios para que eu professasse coisas do seu agrado...

E no momento em que eu estava fraco, cansado, quase caindo, Ele me segurou para que não fosse levado ao chão, restaurando minhas forças para continuar a caminhada...

Como não compreendi esse amor maravilhoso que Deus tem para conosco?

Como não entendi a Onisciência do Deus vivo?

Como não acreditar em sua infinita misericórdia?

Como não reconhecer sua soberania e o seu poder?

Quantas foram às vezes que ele falou comigo e eu não consegui escutar...

Decerto, todas essas coisas fazem parte da natureza humana, cuja fragilidade do pensar, do agir, do sentir, do viver, do falar, do olhar e do ouvir fazem parte do seu cotidiano, e nem sempre contribuem para uma jornada vitoriosa...

Mas o seu infinito amor que é perfeito, soberano e eterno, e que excede o nosso entendimento, faz-nos renascer das cinzas como a Fênix, voltando à vida para ser curado da forma mais profunda que a alma possa sentir.

Quando nos permitimos a sentir a Deus!

Recife, 14 de novembro de 2022.

Luiz Carlos Serpa