NÃO TENHO PRESSA DE CHEGAR!
“Os homens chegam e vivem
Os homens partem e morrem”
(Lao Tsé- Tao Te Ching)
“Quando chegarei ao destino?”
Ah! E acaso isto importa?
Nem sei par’aonde a vida me leva
"Quando chegarei ao 'meu' destino"?
Pergunto-me novamente
Ah! E acaso ele é só "meu"
... ou não seria... de todos?
Toda vida vem... da vida
E volta... para a vida
O eterno a viajar no tempo
... para, depois, regressar para ele mesmo
Enche-me a alma sei lá se de ociosidade ou d’outra coisa qualquer
(que não é, com certeza, desânimo de viver)
Mas a verdade é qu’eu não quero que o “destino” me busque
(ao que acredito que todos m’entenderam)
Visto que o que mais me importa é mesmo... o caminho
Ainda qu’eu não o conheça
Mas... seria mesmo preciso?
Eu e o caminho somos um
E se ele muda o itinerário (que nem havia) eu também mudo
Todos nós mudamos o tempo todo (sem perceber)
Sendo por isso qu’eu não faço nenhum juramento [por nada]
De dizer que serei o mesmo por toda a vida
Deus me livre e guarde de o fazer!
Fazer juramentos é futuramente trair a si mesmo
Sobretudo quando se vê que o caminho não deu em nada
A vida a todos se aparece... o tempo todo
Embora nem todos a percebam
Quem está acordado agora em sua viagem?
Se eu procuro um “abrigo fixo” na estrada?
Nenhum!
Deus me livre disto também
E confesso que m’esqueço de tais preocupações
Afinal, não ficarei para sempre em nenhum
Minha vida não é “regrada” nem obedece normas
Considerando que “anárquica” é minh’alma
E se alguém me jogar alguma lei [para m’escravizar) eu o mato
Tenho pena das pessoas “regradas” e fundamentalistas
A que são “donas de verdades mentirosas”
A terem suas almas entupidas de bobagens
Com seus estúpidos e farisaicos credos e ditames...
N'uma vida qu'em essência não nasceu com regras
Sim, tenho pena dos que se dizem “conservadores”
Nem Cristo o foi!
Sendo assim, para qu'eu iria ser?
Viajar
Amo viajar
Contudo, não gosto de ir... de avião
Chega muito rápido
E eu... não tenho pressa
A vida é uma ponte em que nela todos passam
Às vezes como um buraco de minhoca da imaginação ativa
Entre desejos e lembranças... n’um único tempo: o presente
Gosto de dirigir
A ser também [para mim] uma paixão
Mas, quando é para sair d’uma cidade par’outra prefiro ir de ônibus
E, é claro, a estar sentado ao lado da janela (ou na poltrona da frente)
Para ter o prazer de contemplar as paisagens
E se pudesse até pediria ao motorista para não ir muito rápido
Todavia, sei qu’ele precisa cumprir seu horário
E, assim, não pode realizar minha vontade
Ele, sim, tem regras para obedecer
Mas a verdade é que não tenho pressa... para nada
As pessoas são por demais ansiosas... e preocupadas
Tudo o que fazem é correndo
Como a quererem ser mais rápidas... que o próprio tempo
Oh! O que elas buscam com tanta pressa?
E para que servem seus olhos se não os usam?
Definitivamente sinto-me como quem chegou agora a este mundo
(Como um recém-nascido)
E sou deste modo todos os dias
Ao qu’eu percebo tudo (como se [tudo] fosse novidade)
“Escuto” a vida que a mim se apresenta aos meus "olhos"
E igualmente a “ouço” com meus "ouvidos"
É o meu gozo diário
Ah! Aquelas pobres e apressadas pessoas
Como tenho pena delas!
Comem rápido (sem tanto saborear a comida)
Na verdade engolem (não mastigam!)
“Voam” para o trabalho
Não observam nada da janela de seus transportes (ônibus, trem, taxi...)
E, deste modo, deixam passar a vida que pede [sempre] para ser vista
... (ainda qu’esteja do lado de fora... da janela)
Seriam as pessoas qu’eu vejo sombras par’elas mesmas?
Par’aonde vão, ó meu Deus!... todo mundo?
Parecem desesperadas
E até quando estarão [todos] com medo?
E tudo o que fazem “precisa” ser acelerado
Conversam de forma rápida...
Seus passos são apressados...
Suas respirações são velozes (taquipneia)
Seus corações taquicardíacos...
Oh! Teriam de fato alma ou somente a estrutura d’um corpo?
Tudo em suas vidas "precisa" ser rápido
Se não, perdem a hora
Ou alguém passa na frente
N’uma vida a se passar de maneira frenética
(Em que todos parecem estar competindo entre si)
E depois, quando se percebeu já chegou no final
Nesta vida que passou n'um piscar de olhos
E que, na verdade, não foi vivida
Ninguém aproveitou bem... a viagem!
14/11/2022
IMAGENS: FOTOS POR MIM TIRADAS DURANTE VIAGENS PELA JANELA DO ÔNIBUS
MÚSICA: “TOCANDO EM FRENTE” – ALMIR SATER
https://www.youtube.com/watch?v=alSMedaK1bM