Conversa interior
É verdade. No mundo tem bastante gente que nos coloca “pra baixo”. Uma hora desvalorizam o nosso trabalho, na outra desconsideram o nosso esforço e em tantas outras deixam claro que nunca seremos bons o bastante em para as suas tão altivas exigências. E assim ficamos desanimados. Um tanto desconsolados. Como se nada fizesse sentido. Como se não valesse a pena. No entanto, em muitos desses casos a gente continua, muito porque há algo dentro de nós que nos impulsiona a prosseguir.
Mas também é verdade que em muitos outros momentos, talvez a maioria deles, somos nós nossos maiores sabotadores. Porque ficamos ruminando sobre as palavras das outras pessoas. E em nosso diálogo interno, naquela conversa que desenrolamos conosco mesmos enquanto permanecemos em silêncio, ficamos procurando por motivos para comprovar a descrença que dirigiram a nós. “Sou mesmo um fracassado”; “Faço tudo errado realmente”; “Não sou digno de algo tão bom...”. E por aí vai. Desacreditamos de nós mesmos. Quando não estamos repetindo as palavras que nos disseram, inventamos por conta própria motivos pelos quais não continuar.
Muito da forma como pensamos, muito do conteúdo que inventamos nessas conversas solitárias, define a maneira como iremos nos comportar. Acreditamos em nossos pensamentos. Confiamos nessas crenças de forma cega e irracional. É como se tais suposições que formulamos a nosso respeito, sempre tão negativas e pessimistas, fossem as mais verdadeiras e corretas possíveis. Mas não é bem assim. O que acontece é que por acreditarmos que nada dará certo e que, portanto, não vale à pena tentar, mantemos os braços cruzados e nada fazemos. Inertes diante da vida, nada conquistamos. Nada conquistado tornamos àqueles pensamentos que nos diziam que nada dá certo e que somos uns fracassados. E o ciclo não tem fim. Repete-se incansavelmente. Até que consigamos mudar o padrão do nosso pensar.
Que tal desenvolver um relacionamento mais positivo consigo mesmo? Que tal formular conversas mais saudáveis aí no seu interior? Não estou dizendo para que olhe para um furacão e, dizendo a si mesmo o quanto é valente, dirija-se até ele. Isso é inconsequência. Além de desrespeitoso consigo mesmo. Estou dizendo para que olhe para a garoa e a veja como é, uma garoa possível de enfrentar. Às vezes, por termos pensamentos tão limitados e limitantes, tornamos caótico o que esteve organizado. Precisamos de clareza em nosso pensar para que tenhamos serenidade em nosso agir.
Repito. Não desconsidere as dores da vida. Mas não superestime as dificuldades da existência. Não sabote a si mesmo agindo com inconsequência ou se paralisando por covardia. Antes seja sensato. Lute as lutas que der para lutar. Mas antes saiba reconhecer até onde vai o alcance de suas forças.
(Texto de @Amilton.Jnior)