Em busca do oráculo
Quando mergulhamos na História e buscamos entender o sentido das coisas, sempre nos deparamos a um lado místico da humanidade.
Antes mesmo de alguns escritos estarem definidos, o homem já interagia com a energia que emanava do universo.
Suas origens excediam o entendimento da racionalidade humana, divagando nas ondas misteriosas do pensar.
Esse pensar materializou-se no sentir, e sua expressão impactou na forma de ver o mundo e de interagir com ele...
Todas essas manifestações convergiram-se ao entendimento de que essas forças eram regidas pelo universo, oriundas de um núcleo, expressadas por um centro originário de força, luz e poder, regendo todas as energias existentes no cosmo.
Nem sempre se conseguiu entender de onde partira tudo isso e qual a razão de sua existência...
Essa força trouxe à vida, e com ela, a razão das coisas existirem. Sem a sua existência, nada fazia sentido ao que se encontrava diante dos olhos...
Uma ciência da ciência que nem o tempo nem os homens conseguiram comensurá-la, pois tornara incognoscível à prova da racionalidade humana.
O cotidiano nos impõe à busca pelo palpável, instigando à própria natureza reflexiva sua capacidade de materialização e, com isso, esquece que sua vida corre sob os passos de uma ampulheta, registrando nos cronógrafos todas as oscilações: o anti-horário que tende a zerar o tempo e o infinito que não estar por se definir...
No entanto, nada disso está distante do movimento que movimenta a nossa realidade, e que a cada dia tem nos provado o quanto deixamos de nos conhecermos por desprezarmos as questões originárias da natureza divina, para sermos arrastados pela correnteza da vaidade mortal...
Tornamo-nos cegos diante a luz que nos permite ver, para mergulharmos no obscuro da razão.
A fragilidade de nossa natureza não consegue entender a Natureza Originária, de onde provém todas as coisas. No entanto, ficamos sem entender o porquê delas... Isto porque nos afastamos da órbita do entendimento, de onde a racionalidade humana não consegue medir, mas, desmensurar seu sentido...
À busca pela informação pelos meios cibernéticos, tem trazido à falsa ideia de que o saber se encontra pulverizado nos meios midiáticos, elevando-os à categoria de conhecimento, sem ao menos se perguntar a si mesmo qual a intencionalidade dessa divulgação?
Esta também é mais uma prova da fragilidade humana, onde se projeta para alcançar lugar de destaque pela “expertise” do conhecimento adquirido, fomentado pela ingenuidade de sua frágil natureza. Nesse sentido, fragilidade e expertise não me parece percorrer o mesmo sentido, mas se encontram na mesma direção.
Todos os movimentos hoje são navegados pela nuvem do conhecimento, um movimento flutuante para reger o pensar e o agir das pessoas, transferindo a titularidade de sua existência ao se tornar subserviente às conexões do mundo...
A tendência de um caminhar pela unificação identitária, nada mais é que caminhar pela negação de sua própria natureza, agregando valores formatados para uma nova identificação...
Hoje em dia, não existem mais 'dúvidas' para serem esclarecidas. Tudo está nas nuvens...
Em contrapartida, faltam verdades para se libertar, visto que todo movimento se dá em meio às sinapses binárias feitas para o domínio das ações humanas.
Onde está Deus?
Recife, 06 de novembro de 2022.
Luiz Carlos Serpa