A UNIDADE DO SAGRADO

A PUREZA

Com pensamentos puros e irrepreensíveis - segundo Jâmblico, no seu livro "Sobre os Mistérios Egípcios" - podemos chegar a unir-nos com os Deuses (se compreender a Divindade), "Com pensamentos puros e irrepreensíveis, estando, por meio desses mesmo, ligado a Eles, compreende os Deueses a partir do Eterno", afirma Jâmblico em seu, já mencionado, manuscrito. Vemos aqui, a ideia, de que para atingir "o conhecimento dos deuses" é preciso a união com a Divindade.

Sendo a transformação um processo de levação o material - profano ao sagrado - divino; previa purificação dos pensamentos sombrios - repensáveis (surgidos das emoções não controladas: pulsões animalescas, desejos de consolidação e dominação na matéria, tentativas de experimentar os prazeres ególatras e fugir da dor).

Filosofia, teúrgia, teologia... Uma abordagem eclética, traz esclarecimentos maiores. No entanto a compreensão verdadeira, somente precisa da nossa capacidade de conexão com o Divino, o Eterno, transcendente, que permite abandonar o material, efémero e intrascendente.

“O conhecimento inato dos Deuses coexiste com nossa natureza, e é superior a todo pensamento e escolha; existe anteior a razão e a demonstração” volta a sugerir Jâmblico, no mesmo tratado.

Eis aqui que a razão, parece sussurrar-nos o Mestre neoplatónico, não serve para conhecermos os Deuses, pois sua essência, a raiz do divino, não é discursiva (como sim o cerne da razão, que se inscreve numa determinada lógica dialética). Por contra, nosso espírito é coexistente com a essência dos Deuses, daí a divindade somente pode ser alcançada e, verdadeiramente, conhecida, através da já comentada "conexão espiritual"

“de facto para falar a verdade, o contacto que temos com o divino não pode ser tomado por conhecimento. Afinal, conhecimento é separado por algúm grau de alteridade. Mas, anterior a esse conhecimento, que conhece o outro como sendo sem si outro, há uma conexão unitária com os Deuses que é natural” observamos aqui na afirmação do Mestre, no mesmo texto já referido; que esse conhecimento humano, com sua alteridade (relacionamento de contraste, distinção, diferenciação), tem sua divergência com o conhecer divino, somente possível de ser desenvolvido na conexão: união de todas as partes no Uno Indivisível. O mundo dual, material, que por meio da razão e sua lógica, elaborada através do discernimento, entre dualidades (necessárias a mundo material) e, da observação da continua mudança exterior na própria natureza; não pode atingir, por meio da sua analise dialética (do seu conjunto de razoamentos e suas argumentações discursivas), aquela Unidade onde todo se dilui. E essa dissolução, se produz dentro de uma Unidade, anterior ao mundo material, e toda lógica racional. Daí os taístas identificar a dialética humana com o conhecimento inferior, e a conexão elevada, intuicional - espiritual, como o conhecimento maior.

Vemos aqui, em esta reflexão de Jâmblico, tambíen que o nosso conhecimento - do latim Cosgnoscere ou acto de conhecer; do grego Gnose conhecimento – vai muito vai muito ligado àquela aprendizagem, por meio da experiência baseada no raciocínio. Sendo um conhecimento muito centrado na observação do nosso mundo físico, exterior e dual (nós, o eu identificado com o corpo; e eles, os outros eus identificados com outros corpos). Enquanto na conexão com a deidade, esse eu, egoísta – identificado com o corpo desaparece.

O saber divino e das divindades se situa fora da ilusão da separatividade: dentro da unidade. E para poder exercer essa conexão mística com a Essência anterior ao mundo material, é preciso primeiro desapergar-se do material, e sua intrascendência. Despegar-e do efêmero, renúnciar a este mundo. Mas como renúnciar a ele? Como desapegar-se?

A ENTREGA

Abandonar a senda material, traz consigo a sua vez, abandonar-se à divindade. Entregar a ela todo nossos pensamentos, nossas cargas acumuladas, nossos medos, ódios, ressentimentos... Nossas misérias humanas, nossos acúmulos e cargas emocionais; nossos apegos aos diversos prazeres, pequenos e grandes, de nossa vida... Mas também entregar nossas acumuladas alegrias, nossas satisfações, nossas alta e baixa autoestima... Nossa vaidade, nossa luxúria, nossa arrogância... E, nossas satisfações. E sobre todo os apegos mais incrustados na nossa psique, na nossa alma: os filhos, netos.

Desapegar-nos de nosso papel na vida, do papel que nos tocou desempenhar em este teatro dos sonhos (também descrito por Calderon de La Barca, em "La vida es sueño"). Seja este papel de defensor dos débeis, de caído em combate; de mátria familiar, de pai amoroso ou de terrível dominador... Para poder realmente fazer uma conexão real, interior, com a Divindade, é preciso ter nosso altar interior totalmente límpido: nosso Templo maior, dentro da nossa alma, totalmente vaziado de qualquer ativo de sombra.

Somente, havendo realizado, um verdadeiro trabalho de purificação: limpeza interior introspetiva, através das mais duras das meditações e combates internos... Que após essa crucifixão ritual, esse sagrado sacrifício de, em duras batalhas, duros dias, semanas, meses, anos, de dura luta, limpar nossos venenos tóxicos... Que finalmente podemos, renascido, banhar-nos na verdadeira auga batismal da ressurreição e plenamente limpos, voltar-nos a conexão com a Sagrada Essência.

Este trabalho árduo de mudança, é muito factível de realizar, quando no Altar da mesma Divindade, entregamos todas aquelas pesadas cargas. E deixamos, que essa mesma Luz Sagrada da Unidade dentro do Todo, nos permita retirar-nos destes apegos mundanos.

E essa entrega mística é também uma das experiências mais poderosas: deitados, com os braços sem cruz; em meditação, em oração profunda ou sentando na mais inalterada solidão; afastados no nosso local perfeito de pratica sagrada. Ou bem, em plena natureza, no nosso sagrado local do bosque ou da montanha. Em soledade, abandonado a conexão com a Divindade, entregar a Esta, todas nossas cargas. Uma vez destas libertados, e limpos renascidos, a conexão com o Todo-Uno o "Parabramha" dos indianos, previamente havendo entregado em "Bramha", o Logos dos gnósticos, todas nossas misérias, ficar abertos, no vazio a receber a conexão verdadeira - intuitiva, elevada, silenciosa.

Assim com essa mente vazia, resulta mesmo fácil, conectar com a Vacuidade da Mente Divina. Essa Mente Primordial, alem da matéria e a criação material, que não tem centro nem borda, que nato tem princípio nem fim. Infinita, e nós, dentro dela, limpos, libertados de viver apegados a falsa ilusão - iludidos; poder, finalmente, experienciar a Verdade - do Infinito, Ilimitado, no qual nossa essência espiritual, da mesma natureza da Divindade (como afirmava o Mestre Jâmblico), se encontra sempre, dentro, da sua verdadeira casa. Eis o regresso do filho pródigo, anunciando, prenunciado, que si finalmente nossa físico espiritualizar e, nossa consciência elevar, voltaremos definitivamente a Ele, o "Amado" do poeta Rumi - A Divindade, finalizando o ciclo de encarnações e reencarnações, a Roda falsa do Samsara

E aquel Narciso, da grega mitologia, que se deixou pelo espelho da matéria enganar, e no reflexo psicoemocional, do abrente lunar, entrar; perde o interesse pelo sonho e volta ao real: formar parte da Infinita Unidade. A limitaçao no corpo material do espírito é transcendida, também, por aquela Sagrada Entera, no altar interior nosso, à Divindade.

s tempos precisos suas encarnações, numa nova era de manifestação, ate finalmente atingir aquela prezada divindade – somente possivel, através do esforço consciente, não rígido, no caminho do meio, que leva ao divino, e ao fim do sofrimento, tal qual, ensinou o Shidarta Gautama, o Buda.

Por isso Jâmblico, nos da mostras de o Divino não viver na “idolatria” da separatividade. O Mestre neoplatónico nos esnisna também nossa visão física estar condicionada ao espaço-tempo, preciso, para nossa evolução, através da superação das provas, que nos são apresentandas em cada vida.

Esssa separatividade que nossos sentidos nos monstram como real, pode ser ultrapassada, se formos capazes de desenvolver a visão mísitca. Essa que nos permite, no plano atemporal dos Deuses, penentrar, alem das nuvens do raciocínio. Permitindo, na nossa conexão com o Divino observar o plano atemporal, que prevalece a toda criação, todo nascimento e morte, todo surgimento e fim. Alem dos naturais ciclos.

Sendo factível essa conexão, porque mesmo neste mundo material, tudo o físico estar preenchido por essa divina susbstância primordial, que emana do Inefável. Nesta conexão o eu-ególatra é ultrapassado, e que aparenta divido, em luta – fricção – confronto; é unificado. A intuição pura, previa entrega de toda nossa carga emocional no alter da divindade; permite esse caminha transitar, e vislumbrar, no final do sendeiro o verdadeiro saber mísitico.

O SABER DIVINO

Podemos observar, aqui, o conhecimento sagrado da Divindade, encontrar-se fora de toda ilusão, de toda dialéctica. E somente com a elevação de nossa subtil radiação gnostica, como ensinava o mestre rosa-cruz Jan Van Rijckenborgh, na sua disertação sobre o “Nucteremon” do também neoplatónico Apolônio de Tiana; podermos participar da união com a Essência Sagrada.

Em essa união com a Essência Sagrada, fora de toda lógica racionalista, podemos conhecer, mas não descrever, a Divinidade. Pois nosso “Cogsnocere” em relação à “Gnoscere” (obter conhecimento, chegar a saber) – deve ser fora do plano do conhecer na materia. Um plano, alem deste, do qual a materia surge, mas ele – esse divino plano – a ela não esta apegado, se não por cima dela, tocando-a com sua projeção, fazendo-a o Logos criador, surgir, por meio da divina radiação, mas fora do plano divino. Por isso desde este plano ilusório, físico, não podemos enxergar o plano superior não físico, do qual, por projeção, através do verbo em ação ou vibração, densificando-se esta vibração, a medida que desce do plano elevado imútavel, aos planos mais densos, mutáveis, materiais, e, pelo tanto em contúnua mudança... Por meio do Logos criador – transformador, e relizando trabalhos nesta matéria, que o subitl se densifica, para ao final, uma vez o material ser subtilizado – espiritualizado, todo volta àquela Unidade. O chamados, pelo saber indiano, tempos da manifestação – Manuantara ou Manvatara; e tempos da recolhida dos mundos outra vez no Todo-Uno, ou Pralaya. Esses tempos do Final Juiço, do cristianismo. Onde aquelas almas já libertadas dos apegos materiais, serão definitivamente integrados, já divinizadas, no divino. Enquanto, aquelas outras, cujas escolhas más, e desvíos da Lei – Dharma, pelo seu libre arbítrio, lhes impossibilitaram cumprir sua missão e, não puderam ser Vencedoras de Ciclo, teram que voltar a viver no