O inferno não são os outros. O inferno é o desprezo dos outros.

Já diziam os filósofos existencialistas que estamos condenados a existir livremente. Existir livremente e subjetivamente uma existência objetiva e às vezes objetificada. Tudo o que existe, existe para ser percebido. Incoerente é existir e viver sob as sombras do esquecimento e da irrelevância. Por isso é necessário se fazer perceber, seja lá como for.

Algumas doutrinas protestantes, como as igrejas adventistas, pregam uma doutrina conhecida por "Aniquilacionismo", que diz basicamente que o inferno não consiste em um castigo eterno, mas, na aniquilação completa dos condenados. Ou seja, os condenados serão jogados eternamente no esquecimento de Deus e de todos os seres. Seu passado, sua consciência, sua individualidade, tudo o que se correlacione com os condenados, será abruptamente jogado no esquecimento eterno. Teologicamente falando eu tenho minhas ressalvas quanto à essa interpretação. Mas, filosoficamente admito com base nessa premissa de que o inferno não são os outros, o inferno é o desprezo dos outros.