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CONTENTAMENTO: A MAIOR RIQUEZA... NO TEMPO

 

     “A única verdade é que vivo”

                               (Clarice Lispector)

 

 

Sinto-me como que tendo... os olhos do tempo... e da terra

Vendo... tudo

Mas sem me interferir... em nada

Observando... todos

Mas sem tomar partido de... ninguém

E só

E assim, nem condenando... nem absolvendo... ninguém

Apenas... a todos observando

 

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E, portanto, vendo tudo... e todos

No espaço... e no tempo

Sem a ninguém querendo... e a nada... cobiçando

E, como antes disse, apenas vendo... tudo e todos

 

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É tão bom estar [agora]... “assim” com meus olhos!

Uma sensação de “liberdade ocular” (se é que tal expressão existe)

A me permitir ver tudo e todos... como que tendo em minha cara

... os olhos de Deus

 

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Não perdi minha consciência de que sou humano

Nunca m'esqueço do que sou

Ainda permaneço e guardo comigo este mortal ser... qu’eu sou

Afinal, “ainda” vivo... no tempo

 

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Interessante como que muitas pessoas vivem como que delirantes,

... a acreditar, sei lá, que já transcenderam o tempo

A crer em suas pobres almas que já alcançaram... a Verdade,

... quando em suas vidas o que mais amam... é a Mentira

E desejam mais que tudo a eternidade de suas miseráveis vidas!

Correndo atrás de miragens

Ilusórias visões!

 

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Ah! Eu também já me arrisquei a acreditar em muitas bobagens

E hoje o que mais faço é riscar de minhas páginas meus antigos credos

E esta é a história de minha vida... agora

 

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Não sei s’estou morto ou s’estou mais vivo hoje

Pela verdade que muitas coisas agora não dou mais nenhuma importância

Meus antigos amores morreram

E [eu] os enterrei

Ao que nem levo mais flores aos seus túmulos

Não me fazem falt’alguma

É verdade:

Não olho para trás

Nenhuma saudade...

Lembrança nenhuma...

E não é qu’eu acho isto... o máximo?

Vida que segue, então...

E quer saber?

Ah! Muito melhor assim!

 

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E nest’hora alguém me lança na cara:

- Cadê a sua vontade, meu amigo?

E eu respondo:

- Sei lá! Se eu sentisse falta dela, decerto que a buscaria

 

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Estou no tempo... livre e solto

E embora ainda habite n’um mortal corpo, às vezes m’esqueço d’ele

Não lhe dou tanta importância (como antes o dava)

Apesar de que cuido dele, sim

É um direito que [ele] tem

Não o maltrato, não

Mas, qual o real nome do que sinto agora?

Confesso que não sei

Oh! e preciso mesmo nomear e rotular minhas sensações?

 

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Passei uma grande parte de minha vida a correr... atrás da prata

(certamente porque acreditava que seria ouro)

E ela – a prata -  corria... de mim

E [eu] tenho certeza de que [ela] muito ria de mim

 

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Hoje, bem mais maduro, não corro atrás... de nada

E não é que o ouro me busca, você acredita?

Porém, oh, qu’engraçado! não o quero

Na verdade, não quero nada, mais nada

Nada, nada, nada... (cois’alguma)

E hoje eu é que rio de tudo

Principalmente... de meu passado

 

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Estou contente com o nada... qu’eu tenho

Ou, d'outra forma dizendo, estou satisfeito porque não tenho... nada

E não é qu’eu me sinto... mais pleno?

 

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Repito:

Eu não quero... nada

Nem espero de ninguém... cois’alguma

(de ninguém mesmo)

 

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E o qu’eu mais digo?

Sinto-me pleno, verdadeiramente rico

Sinto-me agora como quem tem... tudo

E digo ainda mais:

Sinto-me que sou dono... de mim

 

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“Beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum caelorum”

“Bem-aventurados os pobres de espírito,

... pois deles é o reino dos céus” (Mateus 5.3)

 

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Contentamento

Com certeza, a maior riqueza... no tempo

 

02/11/2022

 

IMAGENS: INTERNET

 

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 02/11/2022
Reeditado em 02/11/2022
Código do texto: T7641450
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